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Mais uma republiqueta bolivariana?

Por Valfrido Chaves (*) | 23/08/2014 18:57

Tive um mestre que dizia o Brasil ser tão atrasado que algumas ideias afloravam por aqui só após elas entrarem em decadência ou desaparecerem nas “európias” de onde viessem. Nesse sentido me lembro do socialismo de origem marxista-leninista que se instalou na Rússia após 1917 e, pela brutalidade das armas, em dezenas de nações após a II Guerra, inclusive na China.

A doutrina marxista, cercada pela aura da resistência do povo russo ao socialismo hitlerista, seduziu muitas inteligências, mesmo tendo, em cinquenta anos, matado e fuzilado mais gente do que as duas guerras mundiais e o holocausto nazista. Fracassou do ponto de vista econômico, social e ambiental, resultando na “queda do Muro de Berlin” e do regime criminoso em todos os povos que o vinham experimentando na Europa e Ásia.

A China, após experimentar a estagnação econômica, fome e mortandade coletivas, abriu as portas para a iniciativa e propriedade privadas, se tornando a nação que mais cresce no mundo.

Essa é a história e apenas os delirantes podem negá-la. Mas mesmo estes precisam criar subterfúgios, “sub-delírios” quando os fatos desmentem suas fantasias. Assim, aqueles apegados à ideologia sangrenta e fracassada, para a ela não renunciarem, inventaram a seguinte teoria: que o fracasso do socialismo no mundo apenas provava o “acerto da teoria marxista”, durma com essa, leitor amigo.

Sim, pois Marx previra a instalação do seu socialismo nas nações que tivessem atingido o “último estágio do desenvolvimento capitalista”, mas, como o sistema fora erroneamente instalado em nações atrasadas, o resultado só poderia ser catastrófico, como o foi. Assim, o marxismo está certo...

Com tal “sub-delírio”, o ego e o narcisismo dos crentes na ideologia socialista se pôs a salvo e eles puderam continuar se vendo como condutores da história e a luz do mundo.

E tanto continuaram, leitor, que hoje, nesta nação que ainda cresce e produz alimento para si e o mundo, apesar da incompetência e corrupção conspirarem contra quem quer que trabalhe e produza, repito, que hoje, dois dos três candidatos à Presidência da República com chances reais, comungam daquela ideologia que, no mundo, só não fracassou na produção de carências, viúvas e órfãos.

Uma das candidatas, leitor, até responsável pelo fim do Programa Pantanal, tem sistematicamente explicitado sua ideologia e sua hostilidade ao setor produtivo rural.

Ainda há pouco, sem conhecer nossa história ou lembrar que aqui só se comprou terra que o Estado brasileiro autorizou, afirmou que continuará as demarcações de terras, sem lembrar que o direito não diferencia índio de não-índio. A outra candidata, com seu tosco verbo e mau-humor, escamoteia seu roteiro ideológico mas é firme nas ações que conduzem à liquidação da “democracia burguesa”, como lá chamam eles nossa democracia.

Uma democracia fragilizada sobretudo pela incompetência, corrupção, violência, mas que não leva para o paredon aqueles que contra ela conspiram. Perguntaria então ao leitor: Qual será nosso destino ? Uma grande democracia ou mais uma republiqueta bolivariana?

(*) Valfrido Chaves é psicanalista.

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