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Maldade cada vez mais banalizada!

Por Jeovah de Moura Nunes* | 15/11/2011 12:30

O cara nasce pobre. Recebe as oportunidades, as messes que poucos conseguem e aí se transforma em “o rei da cocada preta”. Da pobreza humilde se transforma em um deus carnal e dá início a uma vida de Nero, de Júlio César e até mesmo de Hitler. Isto tudo porque o país facilita, quando a criminalidade é quase uma lei comum no “país das maravilhas”. Quando a impunidade é uma virtude brasileira, que protege os maus em detrimento dos cidadãos de bem. É, na verdade, uma pátria amada pelos criminosos tanto os políticos, quanto os eleitores desses políticos, os quais dão aos bandidos brasileiros o sinal verde para fazerem o que mais gostam: roubar e eventualmente matar, como no caso Celso Daniel no ABC e o Toninho, este último em Campinas. Afora uma quantidade enorme de milhares de pessoas assassinadas e desaparecidas. Este sinal verde é a lei fajuta que dá ao bandido o direito de viver bem na cadeia, ou viver em liberdade mesmo sendo um perigoso assassino. Este é o meu país, ou o país onde sou obrigado a viver porque está ficando parecido com o inferno. Tenho dito para mim mesmo quando penso nas reencarnações: “na próxima vida na Terra quero nascer em outro lugar, no Brasil: nunca mais“. O Brasil tem sido um país maligno, onde os ricos matam os pobres de tanto trabalhar, pagando-os cruelmente com um salário porcaria. Daí os pobres são obrigados e encararem a criminalidade para não morrerem de fome. E ainda tem gente miserável que se enrola na bandeira brasileira e sai por aí, só para mostrar que ama o país, quando o país não ama os pobres e sim os ricos jogadores de bola e os ricos industriais de abastadas famílias. O pobre para o Brasil é apenas um trambolho a mais, podendo ser descartado.

O caso do goleiro Bruno é a inspiração desta matéria. Duvido muito que ele permaneça preso por alguns anos. Logo sairá e voltará à deliciosa vida criminal, que dá dinheiro para ele e muitas mulheres bonitas, as quais no desespero da pobreza querem o fascínio de alguém rico e famoso, nem que tenha apenas a fama de “machão”. Meu pai já dizia em seu soneto intitulado “O Pobre”, o seguinte: “Ser pobre no Brasil é ser ninguém/ É ser trambolho que se evita e afasta./ Lei que o proteja logo se desgasta,/ Na má vontade dos que tudo têm. / Até lhe dão a pecha de uma casta / Humana inferior e vil, a quem / Falta a cultura, falta todo bem, / Por força de uma sina assaz madrasta. / Por qualquer erro o pobre é logo preso, / Cumpre sentenças longas, sofre o peso / De uma justiça oriental de xátria. / Porém, pobre é povo, é maioria, / Se algum dia houver democracia, / Teremos nele a salvação da Pátria”. Neste caso nunca houve salvação da Pátria. O pobre é o mesmo de sempre neste país. A salvação da Pátria é entendida como a salvação total dos brasileiros, principalmente àqueles que fazem parte da miséria. Mas, o Brasil de hoje é o mesmo dos tempos da monarquia e dos tempos de Canudos. Canudos hoje está dentro das metrópoles e sobrevivem com a venda de drogas para os otarianos brasileiros. Este é o país que não quer dar certo porque os que governam desejam tudo ser o que sempre foi e será. Prefiro nascer num planeta distante mesmo que meu corpo seja diferente deste corpo terrestre. O planeta Terra tem seus milênios contados.

Este soneto retratou – como o faz ainda hoje, portanto atualíssimo – a tragédia social brasileira em que o pobre é tratado como estrangeiro em seu próprio país. Nossa democracia, no conceito da trivialidade de determinado número de brasileiros, sempre excluiu descaradamente o pobre dos direitos de cidadania. E quando esta casta discriminada resolve exigir direitos, acaba entrando no rol das acusações injustas de serem bárbaros, ou anarquistas. Tem sido assim há décadas, quiçá séculos. A morte para o brasileiro pobre é o fim de um sofrimento, a exemplo do caso de Elisa Samudio assassinada com métodos de crueldade, a mando do goleiro do Flamengo, Bruno. Já a morte para os que são contrários à justiça ou agem como velhacos, gangsters, ou assassinos em potencial é um fim doloroso, porque evidentemente esperam do outro lado os vingadores. Uma lei que o próprio Altíssimo deixou à deriva como justiceira e de grande aprendizado. Quem mata na Terra, morrerá muitas vezes do outro lado.

A Justiça brasileira nunca foi justa, nunca foi convincente. Sempre fica ao largo as imperfeições de milhares de leis, milhões de artigos que mudam outras leis e leis que revogam outras leis. É uma balbúrdia que nem os mestrados conseguem entender, ou convencer a sociedade da verdadeira justiça. Tudo preparado pelos políticos, muitos semi-analfabetos, assim como o nosso ex-presidente barbudo da República. Só depois de assinado e em vigor é que se descobrem os erros crassos. Daí assistirmos as matanças generalizadas sem nenhuma punição para os assassinos. Só tem punição quando o crime comove a sociedade como um todo, ainda assim não é uma punição exemplar. A cada dia o cidadão vai se convencendo de que a prisão perpétua e a pena de morte fazem muita falta. Tais sentenças máximas inibem os assassinos, a bandidagem e mesmo num ato de violência o indivíduo vai pensar duas vezes antes de perpetrar um crime de morte. Ultimamente os crimes noticiados contra mulheres e crianças nos remetem a filmes de terror. Há que se rever a legislação equivocada e danosa que nos transformou em vítimas potenciais de criminosos à cada dia, pois já é comum ouvir-se que "saímos pela manhã para trabalhar e não sabemos se voltamos". Infelizmente a maldade está banalizada neste Brasil, que passou a ser o país das maravilhas para os criminosos. E os políticos no poder sabem apenas rir e gargalhar porque para eles, nós que os sustentamos, somos os “Otarianos da Silva”. E somos mesmos! Este é o país em que nasci repleto de injustiças e sem um futuro delineado porque ninguém espera o futuro para viver bem, os políticos e os ladrões já buscam viver muito bem hoje porque eles sabem que nosso país está com o futuro comprometido. Só Deus para acabar com essa roubalheira, ou acabar definitivamente com os que roubam no poder público. Com certeza para o futuro todos os países do mundo dirão que os brasileiros nascem ladrões, vivem roubando e morrem pela violência.

(*) Jeovah de Moura Nunes é escritor e jornalista, autor de “És Mulher”

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