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Miomas podem adiar planos de gravidez

Por Assumpto Iaconelli Junior (*) | 28/03/2014 13:18

Miomas são tumores benignos que têm origem nas células musculares do útero. Independentemente do tipo ou localização, eles estão associados a uma redução de 15% nos índices de gravidez; a uma redução de 30% nas taxas de nascidos vivos; e a um aumento de 67% nas taxas de aborto. Cerca de um terço das mulheres em idade reprodutiva terá de lidar com o problema – que pode estar relacionado à infertilidade. Mas, em apenas 1% a 3% dos casos ele é o único responsável, já que quase nunca se trata de um problema isolado. Por isso, nem sempre a simples remoção do mioma (miomectomia) é um passaporte para a gravidez.

Geralmente, o mioma está associado a outros problemas que impactam a gravidez, como a endometriose, por exemplo, que está presente em quase metade dessas pacientes. Diante de um quadro de infertilidade associada a um mioma uterino, é importante rastrear outros fatores associados. A boa notícia é que a fertilização in vitro com transferência de embriões não sofre impacto por conta de afecções da pelve, alcançando bons resultados. No entanto, é fundamental uma cavidade uterina bem preservada - o que é possível avaliar com rigor através de uma histeroscopia. Já a retirada cirúrgica do mioma nem sempre é necessária. A miomectomia deve ser indicada apenas quando os tumores obstruírem as tubas uterinas, forem muito grandes, ou ainda quando oferecerem algum risco na hora do parto.

Uma gravidez após a retirada do mioma exige um pré-natal rigoroso. Em casos mais graves, quando a cirurgia representa um risco maior e, portanto, é uma opção a ser bem analisada e discutida, pode-se considerar a vitrificação de oócitos ou o congelamento de embriões para eventual programa de cessão temporária do útero. Tratamentos não-cirúrgicos disponíveis hoje em dia também devem ser considerados caso a caso. Evidências apontam que o intervalo entre a extração do mioma (ou miomas) e a concepção não deva ser superior a doze meses - já que nesse período as taxas de sucesso da fertilização são maiores.

O ponto crítico é estabelecer quais miomas interferem negativamente na fertilidade para poder indicar o tratamento adequado - sempre tendo em vista os resultados e possíveis complicações. Pacientes com miomas submucosos ou intramucosos maiores que sete centímetros de diâmetro parecem se beneficiar com a miomectomia, principalmente quando realizamos a cirurgia um ano antes da concepção. Nos demais casos, ainda mais quando os miomas são pequenos ou subserosos, vale a pena discutir todas as possibilidades e seus desdobramentos antes de eleger uma opção de tratamento.

(*) Assumpto Iaconelli Junior é médico ginecologista, especialista em Medicina Reprodutiva, diretor do Grupo Fertility – www.fertility.com.br

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