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Mulher: frágil ou poderosa?

Por Valéria Sabrina Gomes da Silva Ferreira e Neide Yokoyama (*) | 02/08/2014 10:00

Desde os tempos das cavernas, as mulheres cuidavam do lar e os homens saíam para a caça. De acordo com Allan e Barbara Please, autores do livro Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?, em consequência dessa definição dos papéis sociais, seus corpos e cérebros evoluíram para se adaptarem às respectivas funções – e a figura da mulher ficou definitivamente associada à fragilidade física.

O Concílio de Trento (realizado de 1545 a 1563) ratificou essa organização patriarcal, artesanal e hierarquizada, confinando a mulher ao espaço doméstico e atribuindo ao homem o poder de chefe de família, garantindo, dessa forma, o controle, o equilíbrio e a padronização da moral e da ética social. As mulheres, por sua vez, contribuíram para a perpetuação dos valores desse regime patriarcal, educando os filhos com as ideias pré-concebidas consolidadas pelas gerações anteriores. Esse tipo de organização prevaleceu até a segunda metade do século XX.

Assim, durante anos, a mulher foi totalmente submissa ao homem, não pela sua vulnerabilidade física, mas, essencialmente, por não colaborar diretamente na geração de riquezas. Esse cenário começou a mudar com a expansão do capitalismo e a consequente insuficiência de renda familiar, que obrigaram a mulher a ingressar no mercado de trabalho, exercendo atividades laborais nas grandes indústrias. Essa adversidade foi a chance para a mulher ascender social e economicamente e provar a sua capacidade física e intelectual. Concomitantemente, a legislação teve de ser adaptada para lhe garantir os direitos trabalhistas, sociais e políticos.

Observa-se, pelo exposto, que os papéis díspares de comando e servilismo, infligidos ao homem e à mulher, não derivam da natureza de cada um, mas são frutos da cultura e da educação, uma vez que a ciência não nos dá nenhuma evidência acerca da superioridade dos homens. Ademais, ao proibir a mulher de estudar, como ocorreu no Brasil-colônia, propositalmente privavam-na de obter conhecimentos sobre seus direitos.

Por outro lado, a ascensão social e familiar da mulher ocasionou uma reorganização dos papéis familiares tradicionais, e o homem passou a ter um envolvimento afetivo maior com os filhos e com a educação destes, bem como com as tarefas domésticas.

Na contemporaneidade, a mulher conquistou espaços, direitos, autonomia e respeito; quanto à conquista da liberdade, é um processo que se fortalece a cada dia. Não há como retroceder. Inegavelmente, aumentaram as possibilidades, mas também as responsabilidades e restrições perante as multifunções: mãe, esposa, profissional e amiga.
Depois de tanto sofrimento, humilhações e glórias, chegou o momento de a mulher refletir sobre sua relação com a liberdade – sobretudo a de fazer suas escolhas.

(*) Valéria Sabrina Gomes da Silva Ferreira: Acadêmica do curso de Administração – Campus de Três Lagoas/MS. E-mail: vsgsferreira_tl@hotmail.com

(*) Neide Yokoyama: Professora e ex-coordenadora do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS. E-mail: neideyo@uol.com.br

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