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Múltiplas Linguagens na Sala de Aula: a Literatura de Cordel e a Cultura Popular em Questão

Silvio Profirio da Silva e André Almeida da Silva (*) | 01/05/2012 11:35

Nos últimos anos, uma ampla quantidade de autores tem voltado seu olhar para a temática da utilização de múltiplas linguagens como suporte didático nos processos de ensino de ensino e de aprendizagem. Dito de outra forma, o uso de novos recursos e suportes didáticos, que subdisiam estratégias de ensino inovadoras e diferenciadas. Podem ser apontados como exemplos dessas múltiplas e diversificadas linguagens: Charges, Cinema, Histórias em Quadrinhos [HQs], Jogos, Jornais, Redes Sociais [Facebook, MSN, Orkut etc.], Revistas, Tirinhas etc. (GOMES & NASCIMENTO NETO, 2009). Atrelado a essa questão, uma gama de autores tem voltado sua atenção para o uso da Literatura de Cordel como suporte didático nas práticas de ensino. No dizer de Fonseca & Fonseca (2008), essa literatura consiste em uma poesia de cunho/ teor popular, que propaga e prolifera os mais diversos aspectos/ fatores da cultura nordestina, retratando o cotidiano nordestino, os costumes, as histórias, as lendas, as memórias, as tradições etc.. Dentro dessa perspectiva, esse tipo de literatura propicia a inserção da cultura popular nos processos de ensino e de aprendizagem, levando para os muros escolares a diversidade cultural proveniente da realidade social brasileira.

Durante décadas, a cultura popular foi algo depreciado, sendo considerada inapropriada a fazer parte das práticas educativas presentes no universo escolar. O ensino, sob essa perspectiva, se voltava para o padrão culto, preconizado pelos Livros Didáticos (LDs) e pelos grandes autores renomados. Ao centrar-se, preponderantemente, na cultura preconizada pelos segmentos sociais privilegiados economicamente, excluia-se uma gama de aspectos da cultura popular brasileira. As práticas pedagógicas, amparadas nesses paradigmas, distanciavam-se cada vez mais das práticas culturais presente nos mais diversos espaços brasileiros. Diante desse quadro, diversos gêneros textuais, que abordam as produções da espécie humana [independente, do padrão social], as práticas corriqueiras do dia a dia do povo, se utilizando de uma linguagem viva [sem preconceitos], eram excluídos do cenário educacional. São exemplos que podem ilustrar tal situação: as Charges, as Tirinhas e. sobretudo, a Literatura de Cordel etc. . Este último, objeto de estudo deste trabalho, sofreu, durante muito tempo, um intenso preconceito social, em função de carregar as marcas do povo, dos segmentos sociais menos privilegiados economicamente, lançando mão de uma linguagem que reflete o cotidiano dos espaços culturais brasileiros.

Nos dias de hoje, podem ser percebidos novos fundamentos/ paradigmas educacionais, que respaldam novos enfoques e perspectivas, acompanhados de estratégias de ensino inovadoras. Ao invés de distanciar e erradicar a cultura popular, em suas múltiplas formas, dos processos de ensino e de aprendizagem, as novas orientações para o ensino preconizam a inserção dos artefatos culturais no cenário educacional. Para realização dessa faceta, há uma gama de estratégias. Entre elas, propõe-se, nesta escrita, a utilização da Literatura de Cordel como suporte didático nos processos de ensino e de aprendizagem.

Apesar desses progressos paradigmáticos, não se pode dizer que o preconceito tecido em face desse tipo de literatura tenha sido totalmente erradicado/ extinto. Em outras palavras, diversos educadores que compartilham de concepções e modelos de ensino tradicionais ainda tecem posicionamentos contrários a essa literatura. Contudo, uma vasta quantidade de autores tem se debruçado sobre a Literatura de Cordel, abordando seus subsídios para novas práticas pedagógicas, rompendo/ quebrando com padrões tradicionais de ensino, rumo a novas formas de construção da aprendizagem. É nesse sentido que a Literatura de Cordel propicia a eclosão de novas tendências pedagógicas para o ensino, a partir da inserção de múltiplos e diversificados aspectos/ fatores da cultura popular nos processos de ensino e de aprendizagem. O que, por conseguinte, leva para o cenário pedagógico novos horizontes para a construção social do conhecimento do discente.

(*)Silvio Profirio da Silva é graduando em Letras pela UFRPE e André Almeida da Silva é graduado em Licenciatura em Ciências Agrícolas pela UFRPE.

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