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Mundo e submundo

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 01/06/2016 10:06

A Segunda Grande Guerra Mundial dos anos 1939-1945 revelou a desumanização. No pós-guerra havia o forte desejo de paz e de reumanização da vida, logo substituído pela ânsia por poder e prazeres. O atual cenário do planeta é desolador. O ser humano se tornou apto a destruir as condições que asseguram a vida no planeta. No Brasil a situação é particularmente caótica: avanço das drogas, presos que se rebelam com violência, mulheres ameaçadas de estupro, caos nas cidades, e avanço da precariedade. Retornar ao humano, à seriedade e consideração, é o imperativo desta lúgubre época de desmandos e desfaçatez.

Ao encerrar seu discurso em Hiroshima, em sua recente visita ao Japão, o presidente norte-americano Barack Obama afirmou: "Já passaram 71 anos desde aquele dia. A morte caiu do céu e o mundo mudou. É possível escolher um futuro em que Hiroshima e Nagasaki não sejam conhecidas pelo raiar da guerra atômica, mas por nosso próprio despertar”. O despertar espiritual é o que a humanidade mais necessita.

Ao lado do mundo normal, do respeito e da regularidade, está surgindo um obscuro submundo, sem ordem, sem lei nem consideração. Sem preparo para a vida, as pessoas vão embrutecendo, perdendo a condição humana na luta pela sobrevivência; sem dignidade, revelam a maldade inaudita. O submundo mostra o oposto do que deveria ser a civilização. Com a decadência e rebaixamento da condição humana ele está se expandindo. Ou promovemos a elevação da nossa espécie, ou em breve o caos será dominante na face da Terra.

Universidades fazem greves, mostrando a preocupante situação do despreparo das novas gerações. Muitos problemas são relegados para plano secundário e vão se agravando de ano para ano sem que haja um plano de longo prazo para enfrentar a situação e interromper a secular decadência. E nisso todos são responsáveis: autoridades, que deveriam planejar; a mídia, que deveria orientar; universitários e professores, que deveriam examinar causas e soluções em vez de ficarem fazendo greve.

Na história dos déficits financeiros dos países, com seus truques e seus mistérios, o dinheiro sai, mas em algum lugar entra. Com regularidade é apresentada a conta do déficit do dinheiro, mas pouca atenção é dada aos déficits no capital humano e ambiental, reveladores da brutal realidade em que estamos nos aprofundando.

Não adianta mudar sistemas de governo sem mudar o ser humano para melhor. Que diferença poderá haver entre presidencialismo ou parlamentarismo se a mentalidade da classe política permanecer a mesma, voltada unicamente para interesses pessoais e conservação do poder? O presidente eleito diretamente pelo povo é o chefe representativo do estado e chefe do governo. No parlamentarismo, o chefe do governo é o primeiro ministro, indicado pelo congresso ou parlamento, e suas decisões tem de receber o aval dos parlamentares. Será a simples mudança de sistema suficiente para evitar as barganhas?

Na atividade empresarial, o governo enseja múltiplas oportunidades para negociatas e privilégios da classe política em prejuízo do país e sua população. O estado não deve ser empresário, imiscuindo-se nas atividades econômicas como agente, mas manter-se no papel de firme regulador das relações internas e externas, impedindo que os especuladores dilapidem os recursos, e visando o que é justo e correto, assegurando a paz e o progresso.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida, autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”; “2012... e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” e “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”. 

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