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Não se bate palmas ao desrespeito à lei e à ordem

Por Ruy Sant’Anna (*) | 18/11/2013 10:36

Na semana passada, o ex-presidente Lula, serviu-se de uma passagem por Corumbá, e preparando sua imediata visita a Campo Grande, através do prefeito Paulo Duarte divulgou sua versão para a desatenção de seu governo e Dilma quanto aos entreveros entre indígenas invasores, e os produtores rurais do Estado.

Lula precisava pelo menos tentar justificar, mesmo o injustificável.

Lula, através do prefeito de Corumbá, teria dito que está “preocupado” com os conflitos entre produtores rurais e índios em Mato Grosso do Sul.

O ex-presidente deveria saber que um governante não tem o direito de ficar só preocupado, em entrevista à imprensa ou discurso.

A prioridade de governo, e no caso concreto em análise cabia e ainda cabe, é ao governo do PT, ocupar-se com os problemas, solucionando-os.

“Há seis anos, entreguei na mão do então presidente uma relação das fazendas invadidas no Estado e até hoje não houve nenhum avanço”, comentou o presidente da Acrissul, Chico Maia. “O que eu vou fazer do lado do Lula se a causa que ele apoia nos afronta”, completou.

Também o governador André Puccinelli se lembrou da vez anterior em que Lula, em que o então presidente, perguntou ao governador qual seria, um dos mais graves problemas do Estado, o qual ele Lula pudesse resolver e André narrou a questão das invasões indígenas, o clima de insegurança, prejuízo econômico etc.

André se reportando àquela época comentou que Lula teria ligado para Dilma, pelo celular, na frente do governador e que segundo Lula, a presidente respondera que teria anotado a reivindicação, para solução. Então, Lula não tinha como se surpreender com o que, na realidade reencontrou entre indígenas e produtores rurais.

Desde Lula e agora com Dilma o governo sempre teve e tem maioria tanto na Câmara Federal, quanto no Senado. E Lula ainda fala em burocracia com quase 12 anos de poder?

Segundo o vice-presidente da Acrissul, Jonathan Pereira Barbosa, a categoria não está preocupada com Lula e está focada na organização do leilão para arrecadar fundos a fim de se proteger de novas invasões. “Nosso objetivo é outro, é unir o nosso movimento e não prestigiar quem é contra”, comentou. Na terça-feira passada, produtores se reuniram na sede da Acrissul para começar a organizar o leilão.

Mesmo que os produtores rurais de Mato Grosso do Sul procurem o entendimento na questão das terras invadidas e ameaçadas, até favoráveis à venda de suas terras ao governo federal, só se justificou a presença do presidente da Acrissul, Francisco Maia, na recepção político-eleitoral com Lula, em favor de Dilma, pela sua liderança no meio rural. E para que não ficasse mal entendido sobre nenhum fechamento de diálogo, por parte dos produtores.

Embora os dois lados saibam, que nesta altura do campeonato, já não tem mais espaço para cada hora vir de Brasília um interlocutor com uma “nova missão”. Só para ocupar espaço na imprensa...

Não tem mais nenhuma novidade nessa área. Até indígenas e produtores rurais estão solidários quanto à urgência de soluções, que satisfaçam ambas as partes.

Acredito que nem existisse clima para uma conversa da Acrissul com Lula que está em plena campanha político-eleitoral em favor de Dilma. Porém, foi importante que os produtores rurais, através de sua agremiação, tivessem marcado posição firme para a solução das invasões de terras.

Seria um exagero de hipocrisia, se é que se pode dizer assim, se os produtores fossem posar sorridentes em fotos e vídeos, com Lula. Pois, em si a hipocrisia já é inadmissível.

Aí, lembro-me de um bordão do palhaço e deputado Tiririca, que artisticamente dizia ao ver uma impostura ou fingimento de alguém: “é a coisa mais linda, a falsidade de vocês”...

Absolutamente, pelo que sei os produtores rurais são pessoas íntegras. Respeitam e valorizam não só suas terras, mas também a seus antepassados, tradições e à Justiça.

Infelizmente, essa atitude costumeira dos governos que vem de Lula e agora com Dilma, primeiro prometem até quanto conseguem; depois afrontam a todos e à própria lei, seja qual for. E se houver jeito, mudam a lei!

E, só usam da sua maioria no Congresso Nacional para benefício que lhe interessa. Exemplo?

Desautorizou o Conselho Federal de Medicina na aplicação e avaliação de resultado do Revalida, passando tais atribuições para o Ministério de Saúde, em tempo ultrarrápido. Este é um exemplo, tem mais.

E a questão das terras dos produtores e as invasões indígenas evoluem, igual rabo de cavalo.

No caso em tela, Lula e Dilma deram-se mal ao julgarem pelas informações recebidas, de que poderiam se aproveitar do “olhar magnético” e “empatia irresistível” de Lula.

Talvez esses sejam alguns dos motivos pelos quais os representantes da Acrissul não aceitaram bater palmas ao desrespeito à lei e à ordem.

Assim, compreendendo como legítimas as decisões dos produtores rurais sul-mato-grossenses, dou-lhes hoje o bom dia, bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna, jornalista e advogado

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