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Não vamos desistir do Brasil

Por Nelson Trad Filho (*) | 19/08/2014 10:20

A tragédia que ceifou a vida de Eduardo Campos, no último dia 13, interceptou de forma abrupta o vôo ascendente da mais promissora e sensível liderança política surgida no Brasil nos últimos tempos.

A morte surpreendeu Eduardo Campos no momento em que mobilizava o país em torno de um projeto político que, sem apelos ‘salvacionistas’, busca interpretar, objetivamente, o crescente desejo da sociedade por uma alternativa capaz de superar a longa alternância de poder ‘pactuada’ em esgotado dualismo.

O trágico desaparecimento de Eduardo Campos não anula nem posterga o Projeto de amplas e profundas transformações que ele formulou para o Brasil, a partir da extraordinária experiência de governo que construíra em Pernambuco.

Como prefeito de Campo Grande e amigo de Eduardo, tive a oportunidade impagável de, convidado por ele, conhecer os resultados transformadores, sobretudo os frutos dos investimentos sociais que repercutiam de forma direta e generosa na melhora de vida das pessoas.

O olhar límpido e desassombrado de Eduardo Campos às vezes traía uma lágrima ante a expressão de incontida gratidão de uma família enfim abrigada em moradia digna, ou frente ao áspero sertanejo enternecido pelo ‘milagre’ da água permanente na cisterna ou no açude escavado no Agreste e no Semi-Árido áspero e adorado.

Dessas privilegiadas incursões com Eduardo Campos a territórios tão díspares do Pernambuco que governava, auferi a convicção de que nele tínhamos um homem público diferenciado, cuja vocação política centrava-se, exclusivamente, na valorização do ser humano através de oportunidades concretas. Esse era, no seu entender, o único meio de superação das desigualdades crônicas.

Os investimentos em modernização tecnológica, em infraestrutura, em qualificação da gestão pública, em saúde, educação, saneamento, segurança e habitação, feitos por Eduardo Campos nos sete anos em que governou Pernambuco, tiveram, todos eles, vocação humana e social. E exatamente por isso, geraram profunda mudança de mentalidade, autêntica ruptura social com a dependência própria do subdesenvolvimento.

Estadista pragmático tanto quanto líder político com alta capacidade de administrar divergências, Eduardo Campos não pretendia simplesmente transplantar para o Brasil sua experiência no governo pernambucano. Movia-o, isto sim, a íntima certeza de que é possível construir o sonho coletivo de um país mais inclusivo e solidário, em que os frutos do desenvolvimento sejam partilhados por todos.

A tragédia do fatídico 13 de agosto abateu em pleno vôo o sonho pessoal, plausível e realista, que mobilizava coração e mente de Eduardo Campos por esse Brasil mais justo, generoso e próspero. Porém, não destruiu o Projeto de Nação, amalgamado pelo líder jovem e impetuoso, que nos deixa como testamento pulsante, a intransferível responsabilidade de avançar, com todas as nossas forças e sob sua inspiração, para concretizar os ideais de um Brasil onde a prosperidade não seja privilégio de poucos, mas um bem comum.

Como amigo pessoal e admirador incondicional do homem e do líder político de quem a nação se vê órfã em momento tão crucial, penso que a grande tarefa que une a todos nós, que comungamos de seus ideais, é a de levar avante o Projeto construído por Eduardo Campos para o Brasil...Agora sem Eduardo Campos.

Em Mato Grosso do Sul, com a disposição redobrada pela trágica simbologia de seu sacrifício, vamos levar a todos os quadrantes e aos corações de todas as pessoas, a mensagem de Eduardo Campos, de que um Brasil melhor é possível.

Em honra da memória e em respeito às fundadas esperanças de Eduardo Campos, também aqui em Mato Grosso do Sul, não vamos desistir do Brasil.

(*) Nelson Trad Filho é médico, ex-prefeito de Campo Grande e candidato ao governo do Estado pelo PMDB.

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