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Nosce te ipsum, por Heitor Freire (*)

Por Heitor Freire (*) | 15/10/2011 13:45

Esta frase constava no frontispício do Templo de Apolo, na ilha de Delfos, na Grécia antiga. Significa: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses”.

É também o princípio que norteava o ensinamento filosófico de Sócrates, o maior filósofo de todos os tempos, que proclamava: “Tudo o que sei é que nada sei”. Ele acreditava que temos dentro de nós tudo o que precisamos saber. Só é preciso que essa sabedoria seja extraída, isto é, que seja trazida à luz, através de um processo semelhante a um parto. E que cada um seja o seu próprio mestre.

O método de Sócrates se baseava em fazer as perguntas certas para trazer à tona o conhecimento. O nome dado por ele a esse processo se denominava maiêutica (procura da verdade no interior do homem), inspirado na profissão de sua mãe, que era parteira.

Eu acredito que aquilo que Sócrates pregava representa a essência da verdade: nós todos temos dentro de nós tudo o que precisamos saber.

Há uma tendência universal nas pessoas de querer dominar e mandar em tudo.

Nós somos, constantemente, sujeitos e objetos de algo: de uma religião, de uma filosofia, de um grupo, de uma empresa, de uma associação, etc. E dentro dessas organizações, naturalmente, vamos buscar a ascensão interna para, assim, nos destacarmos assumindo posições de controle para podermos fazer valer nossa opinião.

Usamos um termo que bem identifica essa ação: tem que. Tem que ser assim, por isso, por aquilo, porque eu sei, porque eu mando, porque eu conheço etc. Todas as vezes que ouço essa expressão, já fico em guarda. Eu mesmo a utilizei tantas vezes que a identifico a quilômetros de distância.

O autoconhecimento nos liberta de tudo isso. É preciso estar atento para não ir para a outra margem. Da radicalização total para a liberalização geral. O Baghavad Gita nos ensina a seguir o abençoado e dourado caminho do meio.

A Grande Loja Maçônica do Estado de Mato Grosso do Sul tem em seu dístico o “Nosce Te Ipsum”. Essa expressão representa a essência do que se espera de uma Instituição como a Maçonaria, que preconiza como sua maior meta, a evolução física, mental e espiritual da humanidade.

A busca dessa verdade deve, naturalmente, ser praticada e buscada através da dialética, que é um processo filosófico da busca da melhor solução. A dialética é a arte do diálogo, da contraposição de ideias que leva a outras. Literalmente, significa o caminho entre ideias.

A dialética se contrapõe ao maniqueísmo, que afirma a existência somente de duas alternativas. Eu fui apresentado à dialética pelo professor Hildebrando Campestrini, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul e que faz dessa prática um labor constante.

Segundo Engels, para a dialética não há nada de definitivo, de absoluto, de sagrado: “Ela apresenta a caducidade de todas as coisas e em todas as coisas e, para ela, nada existe além do processo ininterrupto do devir e do transitório”.

Assim, devemos estar permanentemente atentos para exercer a plenitude do nosso saber, a cada momento. Orando e vigiando, como pregava o apóstolo Paulo. Heráclito (filósofo pré-socrático) é considerado um dos grandes divulgadores dessa filosofia, sendo por isso considerado o “Pai da Dialética”. Ele dizia que não se pode pisar no mesmo rio duas vezes. “O fluxo constante da água modificava naturalmente a sua constituição e o próprio indivíduo também já se transformava”. É o moto-contínuo.

“Tudo é considerado como um grande fluxo perene no qual nada permanece a mesma coisa, pois tudo se transforma e está em contínua mutação”. “A única coisa permanente é a mudança”. Ou como dizia Lavoisier: ”Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Ou ainda, como concluiu o grande Galileu Galilei: “No universo, tudo se move”.

Para que esse status seja alcançado, o autoconhecimento, é preciso acrescentar-lhe um requisito fundamental: a alegria de viver. Cujo segredo se alcança ao entender a vida nos termos mais claros e simples, com verdade, sinceridade e fé. E esse status nos confere também a espiritualidade revelada que a vida é um dom maravilhoso e é preciso vivê-la em toda a sua plenitude e também, que não existe tesouro mais precioso do que a própria vida.

E assim, pois, vamos desfrutar dessa oportunidade extraordinária de estarmos vivos.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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