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O agronegócio continua crescendo em meio a sombrias previsões

Por Kátia Abreu (*) | 12/10/2012 07:29

O Brasil realizou extraordinários progressos nos últimos 20 anos. Em muitos aspectos, não somos mais o eterno país do futuro. No entanto, acumulamos tantos atrasos em relação ao mundo desenvolvido que continuar crescendo é, para nós, um imperativo.

Há quem diga, e não sem razão, que a lógica do crescimento perpétuo pode não se sustentar no longo prazo, dado que os recursos da terra são finitos. É claro que a tecnologia sempre poderá evoluir no sentido de usar melhor, e com mais eficiência, os recursos naturais, alargando dessa forma os limites do crescimento. Mas essa é uma discussão que não pode ser aplicada indiscriminadamente a todos os povos da terra, pois as desigualdades nos padrões de vida entre continentes e países são imensas.

Os países ricos podem começar a especular sobre como empregar suas populações numa economia de baixo crescimento, pois suas sociedades têm um nível de consumo muito elevado, sob qualquer ponto de vista. Mas nós, que estamos na América Latina, na Ásia e na África, ainda precisamos de muito crescimento para dar às nossas sociedades um padrão decente de vida e bem-estar.

Por isso, o baixo crescimento atual da economia brasileira não pode deixar de nos preocupar. Atenta e com certa perplexidade, assisto as variadas interpretações que se fazem de nossa situação e não me satisfaço inteiramente com nenhuma delas. O Brasil tem pontos fortes e fracos. Entre os pontos fracos, alguns têm conserto e outros são, na verdade, problemas quase insolúveis.

O setor produtivo, por exemplo, queixa-se com razão da nossa carga tributária, que tornou-se uma das maiores do mundo. A queixa é pertinente e deve ser vocalizada com energia, especialmente para que não se caia na tentação de aumentá-la ainda mais, pois o nível de impostos que pagamos corresponde à imagem que a sociedade brasileira faz do Estado.

Outros pontos fracos podem ser muito bem resolvidos e esse é o caso da infraestrutura. Mas a solução tem que ser a sua transferência para a iniciativa privada. Mas temos que fazer isso com convicção e sem reservas, tomando cuidado para que velhos preconceitos contra o capitalismo, a livre iniciativa e o lucro não prevaleçam. Parece que nem todo o peso dos fatos da história tem o poder de arejar certas mentes. A livre iniciativa precisa ser livre e não controlada de perto pela burocracia estatal, que tem sempre a grave presunção de determinar a vontade da população.

Um bom exemplo de nossos pontos fortes é o sucesso do agronegócio. Em meio às mais sombrias condições, ele continua a crescer, sendo no momento o único setor cujo dinamismo resiste às crises. E qual é o principal motivo desse sucesso? É uma atividade primordialmente privada, que toma decisões com base em cálculos privados, embora seus benefícios sociais sejam palpáveis, em termos de renda, de emprego e de recursos cambiais para o conjunto da economia.

Os municípios do Centro-Oeste, que há poucos anos estavam entre os mais pobres do País, hoje encabeçam as listas dos índices de desenvolvimento humano. Os frutos da livre empresa vão muito além dos ganhos dos seus proprietários, com resultados sociais nem sempre obtidos pelos órgãos de Estado. Essa é a lição que nos dão os países que tiveram sucesso como economias e como sociedades.

O bom senso recomenda que se assegure ao agronegócio e às empresas privadas, de modo geral, o ambiente institucional necessário para que prosperem. A sociedade brasileira e suas empresas podem e devem andar com as próprias pernas.

(*) Katia Abreu, 50, é senadora (PSD/TO) e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, escreve aos sábados, no caderno Mercado do Jornal Folha de S. Paulo. 

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