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O desenvolvimento brasileiro tem crédito

Por Marco Antonio Albuquerque de Araujo Lima e Fernanda Feil (*) | 13/03/2014 09:32

A oferta de crédito na economia nacional avançou consideravelmente na última década. O saldo das operações cresceu, a taxa de inadimplência caiu e a participação do financiamento destinado ao fomento subiu. A progressiva oferta de crédito atua como catalizadora do investimento, por meio do financiamento produtivo, além de promover o bem-estar da população via consumo de bens, principalmente duráveis, gerando um círculo virtuoso e estimulando o desenvolvimento econômico e social.

O crédito passou por um processo de universalização e democratização considerável nesse período, especialmente após 2007, quando eclodiu a crise financeira internacional. No Brasil, o aumento sustentável das operações pode ser atribuído à melhora de diversos indicadores macroeconômicos, como as menores taxas de juros e o crescimento econômico, além da adoção de medidas que aprimoraram o ambiente regulatório, sobretudo em relação ao crédito.

O resultado foi um salto no saldo da carteira de crédito em 2013 para expressivos 56% do Produto Interno Bruto, influenciado pelo aumento dos recursos direcionados – que englobam empréstimos do BNDES, financiamentos imobiliários, crédito rural e microcrédito, que alcançou 25% do PIB. O crédito direcionado é justamente o grande responsável pelos investimentos produtivos no Brasil. O Sistema Financeiro Público ganhou participação no sistema Financeiro Nacional e hoje é responsável por 51% do total do crédito no País.

Adicionalmente, a taxa de inadimplência registrou queda significativa ao longo de 2013, fechando em 3,0% - índice 0,7% menor do que em dezembro de 2012. Por sua vez, enquanto as instituições financeiras sob controle público encerraram o ano com taxa de inadimplência de 1,8%, as sob controle privado apresentaram taxa de 4,2%. Quer dizer, a carteira de crédito do Sistema Financeiro Público aumentou sem prejudicar sua solidez.

Há inúmeros motivos para defender a existência de um setor público forte dentro do Sistema Financeiro Nacional. Para entender o raciocínio, basta dizer que a ampla rede de proteção das instituições financeiras públicas deu ao Brasil condições de atravessar o pior momento da crise financeira mundial recente sem o que em economia conhecemos como o empoçamento das economias desenvolvidas, que não contam com a mesma rede. Foi também graças a esse sistema que a taxa de investimento da economia se manteve relativamente estável. Grandes instituições como BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, sem falar da rede de bancos de desenvolvimento estaduais e regionais e das agências de fomento, foram responsáveis pela manutenção da oferta de crédito.

No entanto, a razão da defesa de um sistema forte não se limita a essa atuação. As instituições financeiras públicas agem em um escopo muito maior. São responsáveis pela maior capilaridade do sistema financeiro, entrando em regiões, áreas, setores e esferas sociais estratégicas para a economia nacional, contribuindo para diminuição das desigualdades sociais e para o desenvolvimento regional. Funcionam também como agentes do financiamento de longo prazo que viabiliza os investimentos em infraestrutura logística, saneamento, mobilidade e urbana, entre outros, o que estimula o desenvolvimento econômico. Finalmente, o Sistema Financeiro Público atua também como agente regulador, via concorrência, da atividade financeira.

Temos, portanto, razões para comemorar os dados divulgados pelo Banco Central. Mais importante, as perspectivas para o futuro são promissoras uma vez que a oferta de crédito como um todo tende a seguir em alta. O ciclo de consumo ainda está longe de acabar e o financiamento para investimentos produtivos, principalmente nas áreas de infraestrutura, logística, petróleo e gás seguirão crescendo consideravelmente. Então, que venham os próximos anos com abundância de desenvolvimento.

(*) Marco Antonio Albuquerque de Araujo Lima é superintendente-executivo da Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE). Fernanda Feil é gerente de estudos econômicos da entidade.

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