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O espírito brasileiro na guerra

Por Gilson Cavalcanti Ricci (*) | 08/05/2014 08:56

A guerra, para o povo brasileiro, é o investimento diabólico dos insanos, que não medem as conseqüências cruentas da agressão de um país contra outro. Apesar de pacífico, o povo brasileiro soube defender-se com bravura das agressões de outros países, como demonstra a História do Brasil. Assim foi no Paraguai e na Itália, quando o soldado brasileiro heroicamente glorificou o Brasil na epopéia de Itororó em solo paraguaio, e Monte Castelo e Montese em solo italiano. Nas guerras internas, da mesma forma o soldado brasileiro soube honrar o juramento solene de defender a Pátria com o sacrifício da própria vida.

A Canção do Soldado Brasileiro enaltece a alma guerreira do homem brasileiro: “A paz queremos com fervor, a guerra só nos causa dor. Porém, se a Pátria amada for um dia ultrajada lutaremos sem temor”. Os feitos heróicos dos soldados brasileiros em todas as batalhas enfrentadas por eles são testemunhos fiéis do valor do homem brasileiro nas agruras da guerra. Embora a história demonstre o arrojo do soldado brasileiro em defesa da Pátria, nossas autoridades governamentais jamais se preocuparam em transmitir ao povo brasileiro seus atos heróicos, como fazem outros povos através dos órgãos de comunicação de massa, como o cinema por exemplo. Quase todos os dias assistimos na TV filmes americanos, expondo ao mundo os feitos dos soldados do Tio Sam. Não só os americanos assim procedem, mas também vários outros países exportam filmes de guerra, demonstrando o valor de seus soldados.

A inexistência de filmes de guerra nacionais, que mostrem a valentia do homem brasileiro no front, faz nossa gente descrer do valor de seus soldados. Chegou ao ponto de um presidente da República, o comunista Lula, declarar em Cuba ao colocar flores no túmulo do soldado desconhecido, que no Brasil “não há heróis a homenagear” (Radiobrás, 19/07/2004) – frase muito infeliz, que não se coaduna com as páginas épicas da História do Brasil.

Permita-me o leitor descrever um fato comovente vivido por mim, quando funcionário dos Correios e Telégrafos. Trabalhavam ali vários ex-combatentes da FEB, veteranos da Segunda Guerra Mundial, dentre eles o negro José Felizardo, uma pessoa muito calma e de fala mansa. Costumávamos bebericar umas “catiras” após o expediente num boteco próximo dos correios. Certo dia Felizardo encostou-se no balcão, e contou-me um fato vivenciado por ele na Itália:

- Numa noite muito escura e fria, eu estava de patrulha com mais três companheiros na linha de frente próxima do inimigo. De repente, surgiu um soldado alemão com o fuzil nas mãos, olhando para todos os lados. Um arrepio correu pela minha espinha. Era um menino de uns catorze ou quinze anos mais ou menos. Fiquei assustado! Pedi a Nossa Senhora Aparecida para que ele não me visse, pois eu estava escondido num arbusto, com meu fuzil engatilhado pronto para matá-lo, caso me visse. O alemãozinho não me viu, pois numa noite escura como aquela não foi difícil me esconder. E assim o menino foi embora, sumindo na escuridão. Felizardo fez uma pausa... uma lágrima correu em seu rosto negro. Confesso que também chorei.

(*) Gilson Cavalcanti Ricci, advogado

gilson-ricci@hotmail.com

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