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O lado sombrio da separação

Rosildo Barcellos (*) | 23/04/2013 09:45

Nem tudo é como você quer

Nem tudo pode ser perfeito

Pode ser fácil se você

Ver o mundo de outro jeito

Você quer encontrar a solução

Sem ter nenhum problema

Insistir se preocupar demais

Cada escolha é um dilema (..)

A composição de Alvin e Dinho Ouro Preto, traz em seu bojo todo o cerne deste artigo e não olhar pra trás, que é o título da música, significa claramente não desejar estar no estado anterior. Porém, isso não significa que a pessoa deve apagar o passado, como se ele não existisse. Devemos aprender com o ontem para continuar num estado melhor hoje e ainda projetar um futuro ameno e mais estável. Destarte após acompanhar diversos casos de crianças com algum tipo de defasagem na escola percebi entre outros fatores um fato interessante: eram filhos de pais separados.

Algumas crianças obtinham um baixo rendimento escolar: Por vezes associado a uma fobia escolar e a uma ansiedade natural da separação - a criança perde o desejo pela escola, ou começa a ficar desatenta e irresponsável nas tarefas e alarga-se a outras áreas.Outro grupo apresentava quadros de depressão, melancolia e angústia: Em diferentes graus, além de fugas e rebeldia: Produzem-se para ir procurar o membro do casal não corriqueiro, por vezes para que se compadeça do seu estado de desamparo e regresse ao lar ou pensando que será mais feliz ao lado do outro progenitor.E um terceiro caso verificado é o das regressões: a criança comporta-se com uma idade mental inferior à sua, chama a atenção,chora sem motivo aparente e perde limites geralmente impostos pela figura paterna, perde o ‘referencial’, e mesmo pode regredir como ‘defesa psicológica’ em que a criança trata de ‘retornar’ a uma época em que não existia o conflito atual, e que recorda como feliz quando pai e mãe viviam juntos e onde se serviam da aura da paixão e do romantismo em noites de luar.

Resumindo...uma separação traz influências incomensuráveis ao casal,claro mas principalmente aos filhos que desfrutam das brigas e desavenças e principalmente do que logo após a separação é o que mais ocorre que é a alienação parental. Entrementes já está em vigor a Lei nº 12.318, que dispõe justamente sobre a alienação parental. Na prática, a norma abre espaço para a punição de pais e/ou mães que tentam colocar seus filhos contra o ex-marido e ex-esposa. A título de conhecimento a chamada Síndrome de Alienação Parental foi um termo criado por Richard Gardner, no início de 1980, para se referir ao que ele descreve como distúrbio no qual uma criança, em base contínua, deprecia um dos pais apenas influenciado pelo outro quase exclusivamente como parte de uma disputa da custódia da criança. A lei preconiza que a alienação parental é observada quando há “interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança sob sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie o genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”. Este assunto mescla Psicologia e Direito, não obstante, segundo a norma jurídica, se for verificada a veracidade das argumentações, o juiz poderá “ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado, estipular multa ao alienador, determinar acompanhamento psicológico ou determinar a alteração da guarda do menor.

Como a guarda na maioria dos casos é passada a mãe fica essa lacuna na vida dos filhos.inclusive com falsas denúncias; um exemplo disso é que na CPI da pedofilia depois de uma investigação apurada, percebeu-se que uma razoável parte das denúncias eram infundadas, mas levadas adiante justamente pela alienação parental,sustentada pela mãe com intuito de prejudicar a relação da filha com o seu pai. Como eu tive o que podemos considerar uma família de verdade, tradicional com pai, padrinhos e amigos interessados em auxiliar e não apenas causar contendas, faço questão de observar que é da singularidade do pai ensinar a sua prole o significado dos limites e o valor da autoridade, sem os quais não se ingressa na sociedade globalizada e exigente de 2013.

Há então uma fase em que a filha se destaca literalmente da mãe, não querendo mais lhe obedecer, e se aproxima mais ainda do pai: pede para ser amada e propugna por esclarecimentos para os problemas novos que enfrenta. Pertence ao pai nesse momento especial fazer compreender que a vida não é só aconchego, mas também estudo, trabalho e doação; que não há apenas sucesso, mas também pedras na estrada e que não há tão somente ganhos, mas também perdas e que devemos saber a melhor forma de lidarmos com essa situação. E como diz outro trecho da música em tela – se não faz sentido discorde comigo,não há nada demais; são águas passadas, escolha uma estrada e ... não olhe pra trás, ou seja idéias são diferentes entre pais e mães,é evidente,até entre as pessoas que “em tese” pensam diferente em função do seu grau de estudo ou de vivência e experiências; mas vivemos numa democracia e cada opinião tem a sua importância, as vezes pode ser um novo viés ainda não observado, entretanto tecnicamente e especificamente neste caso; posso afirmar que não tem medida os problemas que ficam com os filhos após uma separação de seus pais,ainda mais se for com brigas e desentendimentos. Minha tristeza é precisar de uma lei para dizer que isso está errado.Algo que para mim seria apenas uma regra de convivência entre duas pessoas que se "amaram" um dia.

(*) Rosildo Barcellos, articulista

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