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O Nobel de economia e a luta contra pobreza

Por Ricardo Ayache (*) | 15/10/2015 15:39

Na semana passada, foi anunciada a concessão do Prêmio Nobel de Economia para o matemático e economista escocês Angus Deaton pela Real Academia de ciências de Estocolmo, Suécia. Acreditamos mais do que merecida a escolha.

Deaton destaca-se pelo estudo sobre o combate à pobreza e desigualdades. A partir de suas proposições, governos e organizações da sociedade civil podem fazer o planejamento e monitoramento de eficácia de políticas públicas de forma muito efetiva. O economista explica que através da observação dos dados referentes das decisões individuais de consumo, a partir de pesquisas quantitativas, podemos avaliar como uma determinada política pública teve impacto real na vida das pessoas.

Por exemplo, um governo faz um esforço para diminuir a fome em uma determinada região. A partir de uma pesquisa domiciliar no local com os moradores podemos quantificar o que mudou nos padrões de consumo dessa população aferindo se aumentou a aquisição de alimentos pelas famílias, determinando assim a eficácia da política adotada. Esse mesmo método pode ser aplicado a inúmeras outras áreas, como educação, saúde e outras.

Em sua obra, Deaton também se propõe a fazer medições da pobreza e desigualdade, oferecendo subsídios à gestão pública no enfrentamento dessas questões. O economista foca para isso em dois grandes eixos: o entendimento de como os consumidores distribuem sua renda na aquisição de bens e serviços e a relação desses dados com o consumo do conjunto da sociedade. Assim aproxima a micro com a macroeconomia, possibilitando a elaboração de políticas econômicas mais eficientes por parte dos países.

Autodeclarado keynesiano, o escocês afirma em sua obra “The Great Escape”, de 2013, que no mundo moderno, algumas sociedades foram eficientes em fazer com que um grande número de pessoas escapasse da pobreza e elevassem também a expectativa de vida de suas populações. Diz que a adoção de políticas de bem estar implementadas foram as responsáveis por esses avanços.

Com esse raciocínio Deaton é um crítico das políticas de austeridade adotadas recentemente no enfrentamento às crises econômicas. Em artigo publicado em 2012, no jornal espanhol El País, Deaton diz que “Todos queríamos ser felizes, mas uma grande parte do mundo está hoje preocupada porque os programas de austeridade que muitos países padecem nos deixarão infelizes, talvez por muitos anos”.

Acreditamos que a Academia acertou em cheio ao laurear Angus Deaton, pois seu trabalho estimula o debate sobre como avançar em políticas públicas no enfrentamento dos graves problemas da atualidade. Além disso, temos a convicção de que as observações técnicas sobre a sociedade aliada à crença em valores humanistas ajudam muito a construir um futuro melhor e o trabalho do economista Angus Deaton tem muito a ver com isso.

(*) Ricardo Ayache é médico cardiologista e presidente do Instituto Diálogo e da Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (CASSEMS).

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