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O pré-sal e a educação que todos queremos para o Brasil

Por Flávio Antônio Sandi (*) | 04/01/2014 09:40

A notícia da destinação dos royalties da exploração do pré-sal prioritariamente para a educação foi recebida com entusiasmo pela sociedade brasileira, que há décadas convive com uma cultura de desvalorização da educação. O valor estimado até 2022 com as receitas do pré-sal chega a R$ 279 bilhões. O primeiro passo, que foi a aprovação da lei, foi dado, mas agora a sociedade se depara com uma discussão fundamental: aonde deve ser investido esse dinheiro? Na formação de professores, na infraestrutura das escolas, em tecnologia voltada para a educação?

Sabemos que não cuidamos como deveríamos de nossas crianças em idade escolar. Isso está no nosso DNA e vem desde a nossa origem. Ao longo das décadas, criamos uma cultura de desvalorização da educação que resultou no cenário que estamos assistindo. Hoje, temos um “apagão nas licenciaturas”, com baixíssima procura por cursos como Matemática, Física e Química.

Por mais que tenhamos conseguido a universalização do ingresso dos alunos na escola, no Ensino Médio, por exemplo, temos uma evasão altíssima. As avaliações demonstram que negligenciamos a alfabetização da língua materna e a matemática nas séries iniciais. Ao longo do tempo, estas deficiências acabam se constituindo em obstáculos a futuras aprendizagens, ou seja, colocamos os alunos para dentro das escolas, mas não garantimos aprendizagens. Esses são alguns detalhes desse complexo fenômeno que envolve a educação e que estão diretamente relacionados com o projeto de País que construímos ao longo dos anos.

Com os recursos do pré-sal, temos mais uma vez a possibilidade de reescrevermos a nossa história como nação, mais rica de possibilidades e respeitosa com as nossas crianças e jovens. Uma história que não nos tire o futuro antes de começar. Contudo, é importante ficarmos atentos, pois estudos feitos em vários países mostram que o aumento de investimento (gasto) por aluno e a melhoria da qualidade educacional nem sempre se estabelecem.

Diante desse cenário, é natural que nos perguntemos por onde começar. Mesmo com essa complexidade, é possível encontrarmos uma unanimidade: valorização e formação do professor.

Ninguém duvida da importância de uma boa infraestrutura, pois essa possibilita condições para um bom trabalho pedagógico. Também entendemos que um currículo que traga os conhecimentos mínimos de referência e o modo como ensinamos são igualmente importantes. E o que dizer das novas tecnologias, sobretudo os dispositivos móveis, que favorecem uma mediação centrada no estudante, desenvolvendo uma autonomia de pensamento? Entretanto, só conseguiremos fazer uso adequado de tudo isso se tivermos bons professores.

(*) Flávio Antônio Sandi é diretor educacional da Rede de Colégios do Grupo Marista

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