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O que aconteceu, o que está acontecendo em Dourados e o que pode acontecer com o PT no Estado.

Ananias Costa dos Santos (*) | 06/02/2011 11:35

“De tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre recomeçando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar... Portanto devemos fazer da interrupção um caminho novo (...)”

F. Sabino

Amplamente divulgada, acontece nesse domingo eleições extemporâneas em Dourados-MS, cidade em que a classe política foi retratada nos últimos meses de forma negativa na mídia, com direito a cobertura nacional do ‘Fantástico’, devido a uma sucessão de escândalos de corrupção e rapinagens na coisa pública.

Ainda perpassa na retina do povo douradense imagens de câmaras escondidas, ressoam em seus tímpanos diálogos de combinações financeiras e proliferam boatos de delações premiadas, junta se a isso, ao menos por enquanto, a incapacidade de punição e as “renúncias anunciadas”, afinal da primeira grande ação da Policia Federal, em julho de 2009 ‘OPERAÇÄO OWARI’, cumprindo 41 mandatos de prisão, milhões de prejuízo aos cofres públicos, vereadores e empresários presos passando pela “URAGANO” com 29 mandatos de prisão, 38 conduções coercitivas e muitas apreensões de documentos e viaturas na rua e novamente vereadores, empresários, funcionários públicos, vice-prefeito e dessa vez o novo é que vai o prefeito junto. Além da renúncia do alcaide e seu sucessor direto, não se tem noticias de nenhuma punição.

É nesse clima que as eleições acontecem e deixam a população incrédula e apática de participar desse processo. A cidade pode experimentar a maior abstenção da sua história sem contar os votos nulos e brancos. Até porque o prefeito renunciado apóia a candidatura de Murilo Zauith, que se tudo correr como previsto, será o prefeito eleito.

Quem andar por esses dias em Dourados, vai perceber que a cidade experimenta um certo clima de ‘Depressão Política’, se é que isso existe, a população assiste abismada a união entre adversários históricos, o PT de Tetila, o DEM de Murilo que juntamente com Geraldo Rezende do PMDB articulava uma oposição raivosa ao mesmo Tetila e por fim Ari Artuzzi “o renunciado” que corria por fora, mas também sempre fez oposição e viria a se tornar prefeito com 42,38% dos votos em 2008. Nessa eleições Biasotto, candidato do PT e de Tetila fez somente 20,47%, candidato de um mandato bem avaliado administrativamente mas em descenço na política e finalmente Murilo que era o candidato do governador André Puccinelli fazendo 37,16. Vale destacar duas situações: uma a derrota política do PT e a segunda a polarização bastante acirrada entre Ari e Murilo, hoje todos personagens da mesma coligação, com Ari ‘o renunciado’ e Tetila ex prefeito apoiando Murilo Zauith na ‘União por Dourados’.

Algo surrealista, união partidária impensada, e visto que os partidos representam projetos dispares uns dos outros, o que será que move tal acerto político além da mera negociação de secretarias e apoio a uma provável candidatura de reeleição? Não há nada de novo no reino de Dourados, existe um fio tênue e frágil que une interesses e um monte de lixo embaixo do tapete.

Ao Partido dos Trabalhadores cumpre repensar, refletir e organizar uma prática política diferenciada, essa aliança negada pela Diretório Nacional, mas “validada” pelo diretório municipal com a complacência da Direção Estadual, não pode produzir o chamado efeito Orloff, lembram? Ou seja o que é Dourados hoje não pode ser outro município em 2012, os partidos políticos tem histórias, princípios e projetos que não se pode transigir, não são objetos de negociação.

Em particular o PT que se firmou e fortaleceu como um partido que sua aliança é com o povo, é construir um País de iguais e socialistas e que seja superada a opressão do homem pelo homem, logo não é um ajuntamento de pessoas que queiram subjugar interesses pessoais em detrimento do interesse partidário.

Precisamos radicalizar a democracia, temos um compromisso de raiz com ela e, aproveitar instantes em que podemos discutir com a população dessa diferenças é fundamental para o Partido. Dar oportunidades para a população optar entre projetos diferentes, ate porque somos um acumulo de projetos diferentes, não nos confundimos com o projeto da direita que governou esse país por 500 anos, a todo momento temos que discutir nossa proposta de Socialismo Democrático e Sustentável, nossa opção pela superação da opressão de raça, gênero e classe, nossos compromissos com os povos indígenas e com a reforma agrária, nossa reafirmação na busca de uma saúde e educação pública de qualidade. Novos desafios, velhos desafios.

(*) Ananias Costa dos Santos é filiado ao Partido dos Trabalhadores

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