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O último Natal no Brasil

Por Reginaldo de Souza Silva (*) | 24/12/2012 10:37

Todo jovem deste imenso país chamado Brasil tem sonhos, dificuldades e, acima de tudo, fé e esperança. Se outrora éramos o país do futuro, hoje somos a quinta economia mundial. E nesse percurso desenvolvimentista, a luta para esperar o “bolo crescer para dividir” levou milhares de crianças e de adolescentes para as ruas (meninos de/na rua), abandonados, drogaditos, marginalizados, em situação de risco pessoal e social. Agora somos a “bola da vez”: copa das confederações, campeonato mundial, olimpíadas...

Entretanto, nos vários Brasis existentes no Brasil, a situação da criança e do adolescente não tem melhorado. Pelo contrário, O cenário é de extrema vulnerabilidade para jovens expostos a uma maior incidência de mortes precoces e violentas.

Segundo o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), três adolescentes a cada grupo de mil morrem antes de completar 19 anos. A taxa cresceu 14% entre 2009 e 2010. A estimativa é a de que, se não houver queda no índice nos próximos anos, 36.735 jovens de 12 a 18 anos sejam mortos, possivelmente por arma de fogo, até 2016! O homicídio, portanto, é a principal causa de morte dos adolescentes e equivale a 45,2% do total de óbitos nessa faixa etária. Esse dado inclui mortes em conflito com a polícia, conhecidas como auto de resistência.

Realizado em 283 municípios com mais de 100 mil habitantes, o IHA mais alto está concentrado nos estados de Alagoas (9,07), Bahia (7,86) e Espírito Santo (6,54), que também estavam no topo do ranking em 2009. O menor índice foi identificado em São Paulo (0,94), cuja capital também é a menos letal para adolescentes. O município mais violento é Itabuna (BA), que registra 10,59 homicídios em cada grupo de mil jovens. Em seguida vêm Maceió, com 10,15, Serra (ES), com 8,92 e Ananindeua (PA) com 8,89.

Na Bahia, os municípios de Salvador (8,76), Feira de Santana (8,39) e Vitória da Conquista ocupam respectivamente os quinto, sexto e sétimo lugares nesse ranking. Vivendo apenas de publicidade e viagens internacionais o desgoverno da Bahia parece não enxergar o caos instalado no estado.

Fatores como gênero e raça aumentam a possibilidade de um jovem ser morto. Em 2010, a chance de um adolescente do sexo masculino ser assassinado era 11,5 vezes maior que a de jovens do sexo feminino. Se o indivíduo for negro (preto ou pardo), então, a possibilidade aumenta quase três vezes em relação ao branco. Até quando nos calaremos diante desse quadro calamitoso? A cada vida jovem que perdemos, uma geração inteira é afetada. Temos clareza disso?

Nesta época natalina, na qual celebramos a Vida, conclamo a que procuremos cumprir aquilo que Nosso Senhor Jesus Cristo afirma: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente”. O Natal só terá sentido quando a vida em abundancia possa ser garantida a todo(a)s.

Neste Natal coloque em seu coração a missão de reduzir o índice de assassinatos de adolescentes com medidas de combate à violência letal; o controle de armas de fogo e munição; a instauração de politicas públicas de esporte, lazer, cultura e de empregabilidade; a educação de qualidade; moradia, e acima de tudo, respeito. Lembre-se: a probabilidade de um jovem ser morto com revólver ou pistola é seis vezes maior do que a de ser morto por qualquer outro meio. Com esse índice você poderia dizer que o seu filho, sobrinho ou neto está seguro?

Às milhares de famílias brasileiras, especialmente as baianas, que perderam seus jovens filhos e a todo(a)s aquele(a)s que lutam por um mundo de paz, UM FELIZ NATAL na presença de nosso Senhor Jesus Cristo! E a todos os jovens, que este não seja o seu último natal na Bahia ou em qualquer outro estado deste imenso continente chamado Brasil.

(*)Reginaldo de Souza Silva é coordenador do Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente – NECA/UESB – reginaldoprof@yahoo.com.br

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