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Os animais do Parque dos Poderes, beleza com data para desaparecer

Roberto R. Cisneros (*) | 16/11/2013 19:01

A beleza urbana de Campo Grande corre o risco de perder um pouco de sua graça em breve. A presença de animais silvestres na região do Parque dos Poderes está seriamente comprometida por questões pontuais da atividade populacional, já resolvidas em outros países, em especial na Europa.

Em um local que representa uma das maiores concentrações de área verde da cidade e que, junto com o Parque das Nações Indígenas, é apontado como talvez o maior parque urbano, com aproximadamente 200 hectares somados, a fauna regional é constantemente ameaçada por ações irresponsáveis.

Diversos problemas ocorrem dentro do Parque dos Poderes, mas nada é tão nocivo aos animais silvestres como os carros em alta velocidade, que “atormentam” o local.

Especificamente no Parque dos Poderes são duas situações inusitadas, de um lado centenas de pessoas que utilizam a área para caminhar, pedalar, correr ou mesmo no caminho do trabalho; por outro, a presença de quatis, lobinhos, capivaras e outros animais que lá circulam livremente, correndo o risco de serem atropelados.

A pergunta é: como podemos conviver com a matança de animais que vem ocorrendo nas pistas de tráfego, sem nos sensibilizarmos?

Procurar a causa dessa matança não é difícil. Velocidade excessiva é, sem sombra de dúvida, o maior problema da região, mas podemos ainda citar outros fatores, como a grande distância entre controladores de velocidade e a ausência de lombadas intercaladas, permitindo o desenvolvimento das altas velocidades.

Isso sem contar ainda os “programas noturnos”, que infestam o lindo parque com embalagens de cerveja, preservativos e mais lixo pelo chão.

É de conhecimento geral que o horário de maior ocorrência de atropelamento é no início da noite ou no clarear do dia, período que nosso Parque dos Poderes permanece aberto ao trafego de veículos, quando nos maiores parques ao redor do mundo, as vias próximas são interditadas durante o mesmo período.

Além do fechamento noturno do parque, ideia que defendo ferrenhamente, outras soluções são possíveis, e dependem apenas de nossa boa vontade como cidadãos, aliadas com as mesmas crenças e atitudes do poder público.

Medidas como a instalação de redutores de velocidade (com espaço para o trafego de bikes que lá fazem seus treinos), limitação em determinados horários para o tráfego de veículos permitindo a circulação apenas nas vias mais periféricas, atos que, além de preservar ao vida de animais, daria mais segurança contra atropelamentos também para os esportistas em sua prática).

Ações mais inéditas ainda, como colocação de telas presas ao solo em torno das vias que circulam as áreas mais povoadas de animais silvestres, inclusive com túneis de circulação (sob as pista) para eles passarem de uma área pra outra sem risco de atropelamentos), até com a ajuda iniciativa privada, são algumas das medidas que poderiam ser tomadas na tentativa de preservar a vida dos "pequenos". Afinal, o parque é deles, apenas passamos a utilizar aquele espaço para trafegar ou praticar esportes.

É possível a convivência harmoniosa e sem riscos para todos, mais do que isso, é preciso ver o que está acontecendo e ter vontade e iniciativa para mudar.

(*) Roberto R. Cisneros é médico ortopedista e diretor clínico da Clínica Orthos

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