ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 27º

Cidades

Os direitos humanos e a violência contra as mulheres

Por Marlene Ricardi de Souza (*) | 11/12/2010 07:03

Neste mês de Dezembro, exatamente no dia de hoje comemoramos 62 anos de promulgação da declaração universal dos direitos humanos. Esta declaração é resultado do esforço conjunto de todas as nações que direta ou indiretamente foram vítimas da segunda guerra mundial.

A declaração universal dos direitos humanos foi promulgada para que nunca mais, atrocidades como aquelas cometidas contra os direitos humanos das pessoas viessem a ser violadas. De lá para cá, avançamos muito na conquista dos direitos políticos, civis, trabalhistas, nas ações e políticas afirmativas para as mulheres, para os afrodescendentes, para a juventude e, apesar de garantidos na lei, na carta magna da nação, os direitos dos povos indígenas, das comunidades quilombolas, estes últimos, infelizmentes, ainda são os mais violados.

Do ponto de vista da violência, nesta primeira década do século 21, e na semana dos direitos humanos, quero me ater a questão da violência doméstica, que apesar de toda a luta e conquista das mulheres, ainda há muito a fazer. Há um longo caminho a ser percorrido, porque a violência contra as mulheres é uma das chagas mais antigas da humanidade e precisa ser enfrentada de maneira firme e com todo aporte judicial a que temos direito, como a Lei Maria da Penha, que deve ser aplicada, defendida, divulgada para que toda a sociedade, especialmenteas mulheres, as organizações feministas, possam em conjunto continuar em luta para que seja, de fato e de direito, cumprida.

Nosso Estado, de acordo com o IBGE, é o segundo estado da federação em mortes violentas das mulheres. Lembremo-nos das situações de barbárie que as mulheres estão sofrendo em nosso Estado. Como exemplo, cito a garota de programa, assassinada no ano passado na capital por estudantes universitário e que teve a vida ceifada com requintes de crueldade.

A arquiteta, morta pelo marido, que foi queimada viva, dentro do seu carro, a mulher assentada em Sidrolândia, assassinada a facadas, também pelo companheiro, a dona de casa morta esta semana, no bairro Bosque de Carvalho, aqui na capital pelo homem com o qual convivia há três meses.

São situações revoltantes, aviltantes que não necessitam de comentários como

"só Deus para saber o que este homem deve ter sofrido nas maos desta mulher para praticar tal ato", postado no Campo Grande News no decorrer dessa semana.

Mesmo porque, se Deus é justo, não há de concordar com a violência e com a barbárie. Bem como, não se trata de fazer julgamentos de cunho religioso ou moral, trata-se da vida, da vida das mulheres, do Ser Humana MULHER.

E mais, comparar a vida real aos folhetins da Globo, é no mínimo dar

crédito à fantasia, às distorções que os meios de comunicação de massa dão as questões de gênero e ao cotidianos das mulheres.

As mulheres não são mercadoria, não são posse dos homens, eles não têm poder sobre a vida e a morte das mulheres, e isto tem que ser dito, tem que ser elemento para reflexões dento da sociedade, nas famílias, nas escolas, nas universidades, nos parlamentos e nos meios de comunicação.

O machismo sedimentado no imaginário da sociedade brasileira, oprime, inferioriza e Mata as mulheres, sob a égide do machismo as meninas são violentadas desde tenra idade.

Portanto, nessa semana dos direitos humanos, de aniversário da Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, é preciso refletir sobre essa realidade, denunciar os abusos e fazer valer a lei e a Justiça, pois continuaremos em luta, em vigília contra todo tipo de violência, de preconceito e discriminação contra a pessoa humana.

(*)Marlene Ricardi de Souza é historiadora, especialista em gênero pela UCDB e militante da "Marcha Mundial das Mulheres".

Nos siga no Google Notícias