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Os engenheiros da nau de Bernal

Por Nelson Trad Filho (*) | 18/03/2014 10:14

Não há o que se comemorar quando as instituições democráticas se obrigam a lançar mão do último e extremo recurso capaz de estancar o grave processo de deterioração de princípios e práticas da gestão pública.

Há menos ainda a comemorar quando sabemos que o remédio usado para deter o mal da corrupção e da improbidade, vai também levar a efeitos colaterais diretamente no resultado democrático de uma eleição livre. Mas foi necessário! Todos sabemos que Campo Grande, pela maioria dos participantes da última eleição municipal, quis experimentar uma mudança. Mudança sim, mas sem corrupção e improbidade!

A cassação do mandato do agora ex-prefeito Alcides Bernal põe fim ao mais tumultuado e melancólico período político-administrativo da nossa história, cujas consequências deletérias certamente levarão anos para serem reparadas.

Vale observar que a medida utilizada, que impôs a perda do mandato, não repõe, pelo menos a curto prazo, o desenvolvimento que sempre experimentamos nas últimas administrações. Mas essa medida foi necessária, e já se nota uma ampla maioria da sociedade disposta a ajudar na retomada do progresso da nossa capital. A harmonia também já é evidente. Assim, com certeza esse será o caminho da nova fase de reconstrução da cidade.

Porém, uma reflexão precisa ser feita. Houve uma conjugação de fatores, com agentes ativos direta e indiretamente responsáveis por todo esse desgastante processo que vivenciamos.

O cometa novidadeiro que agora se mostra como realmente é, deixou um rastro de frustração, abandono e desalento social. Foi fruto de uma nefasta engenharia marqueteira, que vendeu o sonho de uma cidade perfeita e sem problemas para quem precisasse do poder público. Um verdadeiro e claro crime de estelionato eleitoral.

Nunca pensaram em nossa tão amada cidade... colocaram à frente interesses de projetos políticos eleitoreiros de embates vindouros. Não mediram as consequências do que passamos e do que ainda vamos passar. Tentaram reduzir Campo Grande a mera etapa de escaladas rumo ao poder a qualquer preço.

Houve o apoio incondicional e entusiasmado do senador Delcídio Amaral, do PT, do deputado Reinaldo Azambuja, do PSDB, dos ex-vereadores Athayde Nery, do PPS e Marcelo Bluma, do PV ao belo e envolvente discurso do novo e da mudança, mas que nós víamos e tentávamos alertar que tudo aquilo não tinha qualquer conteúdo, e tampouco compromisso com o futuro da sociedade campo-grandense.

Por ter legitimidade e por estar diretamente envolvido naquele processo eleitoral de 2012, confesso a vocês: muitas vezes tinha vontade de entrar nos programas eleitorais do rádio e da televisão e avisar, a quanto mais gente pudesse, que tudo aquilo que estava sendo prometido e afirmado não passava de mentira fantasiosa. Tinha o claro conhecimento que não era possível implementar o que estava sendo prometido e estava sempre com a verdade ao meu lado.

Mas temos que tirar lições positivas de tudo em nossas vidas. Desse episódio todo fica de positivo a ação vigilante e destemida da Câmara Municipal de Campo Grande. Que essa mesma instituição entenda a responsabilidade que tem em seus ombros e atue decisivamente auxiliando o novo mandatário e seus colaboradores, nessa nova fase de reconstrução do caos e do imobilismo que se imperou em Campo Grande.

Ao novo prefeito Gilmar Olarte, que tenha a virtude da humildade, para agregar a todos nessa nova e desafiante missão que Deus lhe confiou.

Boa sorte Cidade Morena! Campo Grande, capital do nosso Mato Grosso do Sul, precisa virar esta página trágica e seguir navegando firme e forte rumo ao desenvolvimento aliado à justiça social.

(*) Nelson Trad Filho, médico, ex-prefeito de Campo Grande, e secretário estadual de Articulação, de Desenvolvimento Regional e dos Municípios.

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