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Os interesses nacionais

Por Carlos Zaratini (*) | 07/01/2011 15:38

A questão cambial mundial, agravada pela decisão dos EUA de injetar 600 bilhões de dólares no mercado, é um dos principais desafios dos próximos meses. A presente crise é provocada por um intenso processo de disputa no âmbito das economias dos EUA e da China, que têm interesses complementares e ao mesmo tempo conflitantes, com consequências para o conjunto do comércio mundial.

O problema pode resvalar nas economias dos países emergentes, daí a necessidade de traçarmos uma estratégia que possa blindar o Brasil contra eventuais consequências desagradáveis. Precisamos avançar na discussão da nossa política de juros, de reservas cambiais, do carregamento de uma dívida pesada que nos impõe uma despesa no Orçamento federal de cerca de R$150 bilhões.

Essa é uma questão importantíssima para o desenvolvimento brasileiro. Resultado tanto de uma política interna como de uma situação internacional adversa, que tem levado à valorização de diferentes moedas em relação ao dólar americano, o câmbio tem gerado preocupação em diferentes segmentos da economia brasileira. Nossas indústria e agricultura passam por uma situação bastante difícil. Já estamos enfrentando problemas para exportar.

É necessário que haja um grande incentivo para aumentar nossas exportações. É necessário que tenhamos controle orçamentário sobre a dívida externa e, principalmente, a interna, para que o Brasil não cesse o desenvolvimento que vem tendo e não perca a possibilidade de dar um grande salto à frente. Esse é um dos desafios que teremos de enfrentar em 2011, no primeiro ano do mandato da presidente Dilma Rousseff.

O cenário externo é nebuloso. Vamos enfrentar uma situação internacional muito mais difícil e complicada, com a política americana de injetar dólares, cada vez mais, para tentar recuperar mercados. Trata-se de uma medida egoísta, de um país que não se preocupa com a comunidade internacional.

Os EUA querem resolver sua crise interna - provocada pela inépcia de seus dirigentes, que não perceberam a farsa alimentada pelo sistema financeiro e que gerou a crise mundial de 2008 - à custa dos países emergentes e com uma ofensiva protecionista, por meio da derrama de dólares no mercado mundial. Nós, no Brasil, também não podemos perder nossos mercados.

Por isso, todo o nosso apoio às posições expressadas tanto pelo presidente Lula como pela presidente eleita, Dilma Rousseff, durante a reunião do G-20 na Coreia. A conduta dos EUA deve ser repelida, em todos os foros internacionais. Não é possível que a maior economia do mundo continue agindo dessa maneira.

Devemos adotar medidas que nos protejam deste embate cambial que coloca a China também no cenário. São necessárias medidas internas de defesa não só da indústria como da agricultura, que garantam o emprego, a produção e as condições para que o país continue se desenvolvendo.

Já se reforçou o papel do Congresso, a quem cabe, pela Constituição, discutir e definir a política monetária e cambial. Mas nós, efetivamente, até agora não assumimos esse papel. O Congresso é instrumento essencial para o país encontrar uma saída para enfrentar essa ofensiva dos EUA, que, em vez de incentivarem o desenvolvimento e a produção, fazem uma grande derrama de dólares, o que prejudicará os países em desenvolvimento.

(*) Carlos Zaratini é deputado federal (PT-SP).

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