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Perversão em Sidrolândia

Por Valfrido M. Chaves (*) | 20/05/2013 09:34

Crimes hediondos, com sistemática impunidade quando praticada por menores de idade, incomodam a coletividade brasileira. Na imprensa ou discussões particulares, as palavras “psicopata” e “perverso” predominam. O psicopata, por ser incapaz de sentimentos e empatia, não diferencia entre chupar uma laranja e tirar uma vida para satisfazer seu desejo qualquer.

Já o perverso, geralmente mais cruel, mesmo não sendo destituído de sentimentos, ele os têm “pervertidos”, cultivando paixões cujas satisfações passam pelo sofrimento e aniquilamento de suas vítimas. Assim, Gilles de Rais, nobre francês, marechal com 23 anos, foi digno ajudante de ordens de Joana D’Arc em sua cruzada pela libertação da França. Num dado momento descobriu-se em seu castelo mais de seiscentos esqueletos de crianças, “carinhosamente” serradas e guardadas em gavetas.

Um psicopata, sem sentimentos ou paixões, no máximo pegaria uma criança para pedir resgate, podendo matá-la para não se identificado. O perverso, leitor, seria alguém que, precocemente, tanto vivenciou uma grande paixão quanto uma grande e dolorosa perda ou traição que mutilou sua alma, condenando-o a este triste destino: fazer suas vitimas passarem pelo que ele passou, quando uma parte sua foi destruída.

Por isso o perverso elimina suas vítimas apenas depois de ver, em seus olhos, o pavor de que vai ser morto, ver seu sentimento de aniquilação. Neste ponto, convido o leitor a refletir sobre a palavra “perverso”, que vem do francês “Pèr-vers”, ou seja, o verso, o contrário do pai. O “pai” seria a figura integradora, defensora da família e seus membros. Seu verso, ou contrário, seria aquele que desune, separa, desintegra a alma individual ou coletiva.

Numa sociedade, leitor, há pessoas e instituições perversas, isto é, que seduzem, inspiram confiança e depois traem, desintegram, desunem. Políticos corruptos são exemplos de perversão, porque traem a confiança neles depositada por pessoas ou grupos. Uma Funai, que não ensina o índio a fazer uma cova de bananeira, mas permite que outras instituições perversas, falsamente religiosas, mintam sobre seus direitos e os manipulem para violar direitos de outros brasileiros, também é uma instituição perversa.

Perversos ainda são aqueles que, sob o manto de defensores da Constituição e dos direitos indígenas, não vêem quem os manipulam, induzindo-os à prática da violação de direitos constitucionais de outros brasileiros. Renunciaram ao equilíbrio entre a defesa do índio, e o direito límpido e claro que outros brasileiros têm a uma terra adquirida com legitimidade conferida pelo próprio Estado brasileiro.

É graças a tais perversões do Estado brasileiro que Ricardo Bacha, Jussimara Bacha e seu filho se encontram sitiados por índios na sede de sua fazenda Buriti, em Sidrolândia, sem que a reintegração de posse da mesma seja cumprida. É o triunfo da perversão em órgãos estatais brasileiros, conscientemente ou não, a serviço de ideologia retrógrada, repudiada por onde já passou e de interesses antinacionais. É o triunfo da perversão, caro leitor..

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista.

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