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Pobreza e miséria batem à nossa porta

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 19/08/2015 09:40

Por qual razão os países caem na austeridade repetidas vezes como é o caso do Brasil? Porque os governantes escolhem a via cômoda de obter empréstimos que são dissipados em obras de pouca utilidade, ou desviados, em vez de fortalecer o país a partir de seus recursos internos, promovendo emprego, circulação da renda, ampliação do mercado. A indústria está fragilizada devido às melhores possibilidades de mais ganhos com a produção na Ásia. Em consequência, aumenta o déficit comercial. Como recuperar o equilíbrio nas contas e na balança comercial?

No século 20 a economia passou a priorizar o dinheiro, as finanças e sua virtualidade. A partir dos anos 1980 ficou evidente que a velha geração do bom senso estava em extinção, cedendo lugar aos gananciosos e impetuosos que estabeleceram sofisticadas fórmulas matemáticas para obter ganhos financeiros independentemente da produção e do PIB. A desvinculação entre finanças, produção real e empregos, produziu ganhos fabulosos para a elite monetarista, mas deixou o enorme buraco socioeconômico global.

O problema estrutural na gestão pública vem de longe. Permanentes déficits nas contas internas e externas; ausência de líderes sérios empenhados na busca da melhora geral; gestão desastrosa sem definição de metas alcançáveis; educação precária e falta de preparo para a vida.

Sustentar bolhas especulativas é como enxugar gelo com toalha. Equacionar dívidas acumuladas de forma descontrolada, longe da capacidade de pagamentos, é outra alquimia inoperante. O mundo sofre as consequências por ter priorizado o aspecto financeiro sobrepondo-o à produção, consumo e qualidade de vida. Tudo subordinado ao financeiro leva ao caos e à desumanização, pois a vida está acima do dinheiro.

A turma da cobertura precisa sair da poltrona, colocar em movimento o “querer um Brasil melhor” servindo como modelo para as classes inferiores para juntos tirarem o país da rota do abismo. As corporações ainda não chegaram ao estágio de responsabilidade humana zelando pelo aprimoramento geral. Mas no Brasil, deixar os empreendimentos econômicos na mão do Estado tem sido pior, pois além de não cumprir o seu papel, este ainda dilapida o patrimônio público e deixa dívidas monumentais.

Na China, possivelmente há mais seriedade. Ela não depende de financiamento como nós, mas a rigidez imposta pelo partido único e o risco de travamento da liberdade pessoal poderá ser pior ainda. A economia tem andado em função do imediatismo do lucro fácil sem risco, lubrificada pelo desejo dos políticos de se manterem no poder. Não tem havido um plano sério de fortalecimento da produção interna, nem de melhora geral. Com a gestão capenga, os fluxos se contrapõem: menos receita, mais despesas, investimentos infrutíferos, déficits. Um grande esforço visa estabilizar a dívida, que vai aumentando com a taxa de juros Selic em 14,25%, para depois vermos o que se pode fazer para evitar o retrocesso.

A situação de miséria no Brasil vem desde 1889. Promulgada a Lei Áurea, veio a República. Educação, saúde, infraestrutura, oportunidades de melhor renda para os assalariados, nada disso fez parte dos planos de governo. No essencial há sempre incompetência e lentidão. A Baía da Guanabara, afogada em lixo e dejetos, é bem o exemplo disso. O Brasil e o mundo precisam de líderes sábios que pensem com clareza e responsabilidade no progresso de seus países e de suas populações.

Hoje nas grandes cidades vivemos com ampliação das moradias precárias, com favelas ocupando vários locais de forma desordenada, inclusive as áreas de mananciais, o que contribui para gerar mais violência urbana e degradação dos rios que são transformados em esgotos, sem que as prefeituras levem o problema a sério. Novas eleições municipais se avizinham, mas a quem os munícipes poderão escolher para sair dessa desonrosa situação? O ser humano tem regredido em sua trajetória sem se tornar aquilo que deveria ter sido desde sempre: o beneficiador da Criação e transmissor de Luz para todas as criaturas. Como preparar os jovens para construir um mundo com harmonia entre os indivíduos e os povos?

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club de São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “ Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”,“2012...e depois?” e “Desenvolvimento Humano”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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