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Por um país melhor

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 31/03/2015 10:34

Parece que de novo está tudo fora do lugar. Déficits na balança comercial e nas remessas de juros, lucros e falcatruas. A sina das repúblicas das bananas é ser nada mais do que um quintal com seus predadores. Quanto mais aumenta o apagão mental geral, menores são as chances de surgimento de estadistas sérios e patriotas. O século 21 ainda não viu a cara dos que querem um Brasil melhor. Tomara que eles se apresentem logo!

Pátria educadora ou achacadora? A vida dos pseudoestadistas está muito boa, mudar para que? Só para construir um Brasil melhor? Que vantagens terão com isso? Por que aprovar uma legislação séria, se é no caos das leis que muitos se beneficiam acobertando sua desídia e irresponsabilidade?

Circula na Internet relatos sobre os financiamentos concedidos pelo Brasil para obras de infraestrutura em outros países, mas faltaram algumas importantes informações como: qual a necessidade das concessões; que benefícios trouxeram para o Brasil; não teria sido mais adequado aplicar esses dólares em saneamento, estradas, e outras obras aqui necessárias?

O governo não pode se confundir com a classe empresarial, pois cada um tem a sua missão para cumprir. Cabe ao governo manter o equilíbrio em tudo, organizar as finanças, controlar os gastos, possibilitar condições para produção competitiva e consumo adequado, manter o equilíbrio na exportação e importação, preservar o meio ambiente e assegurar a escolaridade. Deve ainda impedir que o desajuste nos gastos descambe para os juros escorchantes, não fazer do câmbio arma eleitoreira, não dar margem para a especulação cambial, não cair no endividamento interno ou externo, e manter a independência sem a interferência dos poderosos. As empresas, de outra parte, devem agir com lisura. E todos, com patriotismo.

Os investidores estão céticos; o mercado exige ajuste fiscal que vai gerar recessão e desemprego. Sem equilíbrio nas contas, o Brasil perde o crédito e o real mostra sua fragilidade ante o dólar. A verdade é simples: numa época como a atual, deixar a riqueza nas mãos dos prepotentes gestores do estado, sem prestar contas, é no mínimo temerário, para não dizer uma loucura.

Lamentavelmente, o governo se descontrolou nas contas, gastando mais do que podia. Não deveria ter feito isso, pois sabia das consequências nefastas. Mas o pior foi o relaxamento na política cambial permitindo que de novo caíssemos nessa armadilha, com déficit no ano de 2014 de US$ 91,3 bilhões. A dolarização da economia não ajuda, pois sempre faltam dólares, o que exige a dependência de empréstimos ou a sua captação no mercado especulativo.

Quando num passe de mágica os dólares voam velozmente para fora, o país cai na rua da amargura, pois todos os preços que estavam contidos artificialmente, explodem. Os juros elevados sugam a riqueza produzida. O FMI e o Banco Mundial poderiam ter possibilitado melhor adequação desse desajuste nas transações, próprio de economias frágeis e dependentes, mas deixaram espaço aberto para as crises cíclicas.

A incúria administrativa e as medidas irresponsáveis para conservar o poder vão se tornando domínio público. Precisamos de um sistema econômico que consiga exportar num volume que se equilibre com as importações, e as remessas de juros e lucros para fora do país. No entanto, face aos desequilíbrios, a nação ficou obrigada a pagar o preço do ajuste fiscal. Mesmo assim, que garantias teremos de recuperação e estabilização das contas nesta economia global predatória, e nesta escassez de estadistas sérios e competentes?

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club de São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “ Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”, e “2012...e depois?”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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