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Povo quer reforma moral e administrativa

Por Ruy Sant’Anna (*) | 30/06/2013 07:05

É incrível a capacidade da presidente Dilma para tapear e tirar proveito de todas as situações que se lhe apresente. Por que Dilma prefere o Plebiscito ao invés do Referendo? Não é por simples preferência, nem para dar opção de escolha para o povo em tão relevante assunto.

No Plebiscito, o povo ficará vendido sob uma questão que ainda não foi amplamente debatida e/ou devidamente esclarecida. Nesse caso concreto, o Plebiscito é convocado para o povo votar, antes de qualquer ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta.

A vantagem do Referendo, é que nele o povo decide sobre um tema amplamente debatido no Congresso Nacional e pela imprensa aberta. Só após amplo conhecimento sobre o assunto discutido e sem exclusividade manipuladora do governo a população decidirá no voto, se contra ou a favor do que está sendo proposto. No Referendo o povo é convocado para ratificar ou rejeitar a proposta. E no Referendo o povo pode contribuir com sugestões encaminhadas diretamente ao Congresso Nacional, tornando sua participação ativa e não apenas decorativa ou meramente concordatária de alguma decisão que lhe seja imposta.

O Tribunal Superior Eleitoral deve participe do esclarecimento público sobre o Referendo, de maneira técnica e desapaixonada de qualquer cor partidária. O TSE pode esclarecer o povo sobre o que votará.

A Reforma Política precisa do Referendo e o Congresso Nacional deve completar a campanha do TSE, em tudo, com a voz, veto e voto popular.

A urgência do povo não é a dos palacianos. O povo quer ação imediata. Quer atitude do governo. Discurso, promessa, reunião, análise, são palavras enroladoras de quem não quer agir. Reforma Política pode esperar um segundo tempo.

O povo exige objetividade do governo na extinção da corrupção e não quer ser passado para trás. A população reclama contra a má saúde; os ônibus sucateados, sempre cheios, com poucos carros e muito atraso; falta de ar condicionado; desrespeito aos idosos e deficientes, falta de plataforma de embarque nos pontos de bairros e protetor contra sol e chuva; passe livre para prounistas e cotistas; intervalo máximo de 10 minutos entre os ônibus nos pontos; ampliação programada das frotas.

O povo não quer ouvir falar que o governo gastou ou vai gastar tantos bilhões de reais, mas na realidade acaba sabendo que ouve desvio de verba ou que o dinheiro que era para a saúde, a educação, a segurança, sofreram cortes para o governo pagar juros da dívida interna ou externa.

A reclamação se estende para a atenção à saúde pública e cobra aparelhagem tecnológica nos postos de saúde e hospitais; realização de exames laboratoriais, sem demora; de RX; ressonância magnética; tomografia computadorizada; ultrassom; etc. com resultados mais imediatos; medicamentos garantidos; carreira médica no SUS para médicos e enfermeiros, e condição dos municípios para mantê-los em suas cidades.

Sobretudo que seja garantido o direito de voz, voto e veto ao povo, contra a corrupção e desinformação do governo.

Nisso a presidente Dilma não mete a colher. Por quê? Só trata desse tema em discurso, misturado com outros assuntos. Por que, Dilma nunca cobrou a execução da pena dos mensaleiros, muito menos não exige que eles devolvam o dinheiro?

O povo quer que os mensaleiros, além de presos, devolvam o que desviaram do dinheiro público, segundo a sentença do Supremo Tribunal Federal.

Para provar a má intenção do governo federal, para confundir e enrolar o problema da reforma política, basta perguntar: o plebiscito vai perguntar o quê?

Se as pessoas querem ou não a reforma? Todo mundo quer! Não agora.

Dilma ao escolher o tema da Reforma Política, para tentar se adonar dele, já escolhe interlocutores para fazer política eleitoreira. Isso explica porque chamou um grupo de estudantes para o qual “explicou” suas ações governamentais.

Num contato como esse onde se escolhe com quem vai “dialogar”, fica fácil para a presidente jogar suas “razões” sobre quem foi apanhado sem estar preparado para o debate. Nem sabe sobre qual o motivo da convocação/convite. Esses estudantes já saíram do Palácio, segundo o governo, favoráveis ao Plebiscito e à Reforma Política. Assim é que funciona o dirigismo, a manipulação do governo federal.

O que o governo pretende é separar blocos, para massas de manobra. Quer dar a falsa ideia ao povo de que, primeiro: está agindo à favor das reivindicações populares; segundo, quer nos fazer engolir que representantes da juventude e de pessoas descriminadas, como os dos movimentos homossexuais procuram ao governo para dialogar.

O governo está mentindo, porque não é procurado. Mas, escolhe para que grupo queira dar seu recado. Divide o movimento popular das ruas para enfraquecer os que reclamam contra as injustiças de todo o desgoverno federal.

Dilma e seu ministro da Educação, Aloísio Mercadante, que ainda quer concorrer ao governo de São Paulo, fazem cena com o “público” preferido. E como não conseguem manipular e reinar sobre as maiorias, o governo encaminha seus manipulados para gritarem no Congresso Nacional “palavras de ordem” a favor do Plebiscito e da Reforma Política.

O que interessa no momento não é a Reforma Política, mas a Reforma Administrativa, a Reforma Moral. Caso contrário como serão educadas as crianças brasileiras? Nas cartilhas da corrupção e da malandragem, para não serem discriminadas como bobas e idiotas, porque não sabem se dar bem no desgoverno?

Apenas quem não quer entender o clamor das ruas, tenta empurrar o povo contra a parede, para falsear as verdades gritantes. Assim, confiante na resistência pacífica e ordeira da voz e atitude popular, lhes dou bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna é jornalista e advogado.

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