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Pra não dizer que não falei (mais) do “establishment”

Por Jorge Eremites de Oliveira (*) | 31/10/2012 14:25

Diante das repercussões do artigo “Um ‘establishment’ universitário na UFGD”, de minha autoria, cumpre apresentar cinco considerações finais sobre o assunto.

Em primeiro lugar, não tive o propósito de fazer denúncia contra pessoas ou instituições. Apresentei uma análise sociológica sobre o que considero um “establishment” universitário. Assim o fiz com base, também, no que alguns chamariam, em termos científicos, de “observação direta”. A palavra “denúncia” está ligada, portanto, à livre interpretação de cada um.

Em segundo lugar, reconheço os avanços registrados na UFGD. Trata-se de uma jovem e pujante instituição de ensino superior que atingiu níveis interessantes, grande parte por meio do trabalho árduo, silencioso e contínuo de centenas de servidores públicos e milhares de estudantes. Em vários aspectos das atividades de ensino, pesquisa e extensão ela é, de fato, um sucesso. Mas isso precisa ser relativizado diante do enclave criado pelo “establishment”, motivo de desgaste nas relações sociais entre colegas de trabalho e até mesmo na saúde das pessoas. Se ali houvesse um ambiente mais oxigenado, em uma instituição burocraticamente mais leve, planejada estrategicamente e com maior liberdade de pensamento crítico, o sucesso seria ainda maior. Eis aqui um paradoxo parcialmente indicado em meu artigo “Rememorar, comemorar e refletir sobre os cinco anos da UFGD”, publicado em julho 2010 e disponível na Internet.

Em terceiro lugar, minha análise não tem a ver com vingança ou algo do gênero. Pensar assim tão somente denota a intenção dos “pit bulls” de plantão em macular minha imagem profissional. São pessoas que não possuem coragem de se apresentar publicamente e enfrentar o debate aberto na imprensa. Isso é recorrente dentro do “establishment”, no qual há um indivíduo tido com a expertise em produzir dossiês contra vozes discordantes, na tentativa de promover intimidação e difamação. Apresenta-se como pseudojurista, blefando aqui e acolá, como se o direito fosse uma espécie de jogo de truco. Cabe a indivíduos desse tipo o papel de produzir e viabilizar a postagem de mensagens difamatórias em sites de notícias e redes sociais. Este “modus operandi” é conhecido e típico de regimes de exceção.

Em quarto lugar, jamais fiz oposição sistemática ou dei apoio cego à administração central da UFGD, tampouco fui afeito a cargos comissionados e ao compadrio partidário. Valorizo mais uma bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq do que ao capital. Também acredito que as universidades públicas no estado não devam ser reféns de partidos políticos, quaisquer que sejam, conforme tratei de passagem no artigo “A melhor universidade de Mato Grosso do Sul”, publicado em maio de 2011, também disponível na Internet.

Em quinto lugar, recebi muitas palavras de apoio e elogio por email, pessoalmente e em sites de notícias. Isso revela que minha análise foi ao encontro da leitura que parte da comunidade universitária tem sobre o tema. Escrevi o que muitos já pensavam, mas que precisava ser sistematizado em um texto acadêmico destinado ao grande público.

Oxalá que tudo isso não passe de mais uma página na história da UFGD, instituição em que acredito e da qual sou um de seus fundadores, o que muito me honra.

(*)Jorge Eremites de Oliveira é doutor em História/Arqueologia pela PUCRS e professor de Antropologia na Faculdade de Ciências Humanas da UFGD. Email: eremites.br@gmail.com.

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