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Precisamos de Heróis

Por Vladimir Polízio Júnior* | 24/01/2012 07:05

Quase 100 anos depois do naufrágio do Titanic, o acidente com o Costa Concórdia revelou ao mundo o quão importante é, de tempos em tempos, surgirem pessoas boas, corretas, que simplesmente façam o que deve ser feito. E como pessoas assim são raras, quando surgem são tidas como verdadeiras heroínas. Daí a conduta de Gregorio De Falco, que mandou o covarde comandante retornar ao seu posto e fazer o que deveria fazer, ser heróica. Não há provas de que isso tenha salvado vidas, ou mesmo diminuído a tragédia, mas simplesmente era o que deveria ser feito.

Embora isso tenha se passado na Itália, país com qualidade de vida muito superior ao nosso (o Índice de Desenvolvimento Humano italiano é o 24º do mundo, e o brasileiro o 84º), lá há uma crise institucional iminente, pois os políticos são vistos com desconfiança, a justiça não tem sido tão justa, e uma crise econômica se avizinha. E no Brasil? Bem, recentemente a imprensa divulgou que mais de R$ 80 milhões dos nossos impostos vão pagar auxílio alimentação para alguns magistrados federais (que ganham mais de R$ 20 mil por mês e têm 13º e 14º salários), e que 29 do TJ/SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) receberam “pagamentos antecipados” de até R$ 600 mil, enquanto seus colegas da justiça trabalhista do Estado do Rio de Janeiro, também a título de antecipação, até R$ 1,5 milhão. E no jornal “O Globo”, na edição de 23 de janeiro, que são mais de 22 mil cargos ocupados no governo federal por pessoas cujo único requisito seja a identificação a algum partido aliado.

Por isso precisamos também de heróis. Que façam o que seja justo e certo apenas porque é o que deve ser feito. Do contrário, tragédias como as das chuvas, ou da falta delas, vão se repetir, e o dinheiro público, que vem dos nossos impostos, continuará a pagar trabalhadores desqualificados ou alguma vantagem para determinada categoria especial de servidores públicos, supostamente melhores que os demais. Daí que beira ao ridículo a insistência de alguns vereadores em manter o aumento do número de cadeiras para a próxima legislatura, o que só aumentaria o gasto com o legislativo e não, necessariamente, elevaria a qualidade dos trabalhos. Afinal, se tem tanta coisa errada no Brasil, porque não começar a consertar justamente pelas Câmaras Municipais? Não tenho dúvida de que serão heróis os vereadores que abraçarem essa idéia.

(*) Vladimir Polízio Júnior, 41 anos, é defensor público

(vladimirpolizio@gmail.com)

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