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Problemas enfrentados pelos estados

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 02/08/2016 11:00

A Nação se depara com algumas adversidades na autogestão, pois a globalização, com o aumento da integração econômica, implica uma redução da soberania na esfera de decisões de Estado independente, interferindo no próprio conceito de democracia. É o que destaca Marcos Troyjo, economista, diplomata e cientista social: “a integração econômica profunda, soberania nacional e democracia constituem uma conflituosa fórmula para a globalização, a equação no caminho adiante fica ainda mais complexa”.

Quanto ao Brasil, a economista Monica De Bolle apresentou uma visão clara e objetiva da situação em outubro de 2015, ao discutir junto com seus pares a hipótese de a política monetária estar refém de uma situação fiscal fora de controle. “Na ocasião, alguns de nós argumentamos que enquanto não fosse resolvido o problema das contas públicas, a política monetária perderia o sentido e a potência. Ou seja, podia-se fazer o que fosse com os juros que nada mudaria na economia brasileira. A inflação era apenas um dos sintomas mais evidentes de nossa aguda patologia fiscal”.

Os governantes não se preocuparam com o equilíbrio das contas; caem na armadilha das dívidas e transferem o ônus para a população, mantendo uma postura rígida que vai paralisando tudo num país onde falta o essencial no consumo das famílias. Mas a população também precisa aprender a administrar o seu dinheiro fazendo esforço para poupar um mínimo que seja, e o Banco Central precisa ouvir os economistas de bom senso para efetivamente dar um rumo sadio à economia, sem provocar o desastre que se prenuncia no aumento do desemprego, da insatisfação, furtos e insegurança. Queremos um país acolhedor e equilibrado.

Em recente viagem para a Polônia, o Papa Francisco declarou: "Fala-se tanto de segurança, mas a palavra verdadeira é guerra. O mundo está em guerra porque perdeu a paz. Quando falo de guerra, falo de uma guerra de interesses, de dinheiro, de recursos, não de religiões. Todas as religiões querem a paz”.

Tudo seria mais fácil se houvesse mais respeito e consideração ao aspecto humano e à finalidade essencial da vida. Quando as pessoas são submetidas à robotização, perdendo a liberdade e o discernimento, passam a ser massa de manobra, meros fatores de produção e de conservação do poder.

Globalizar nessas condições é criar uma arena competitiva desigual e desleal, onde prevalece a astúcia que manipula câmbio, liquidez, relações trabalhistas, preservação ambiental. Os povos têm de se desenvolver uns ao lado dos outros, não acima, com vantagens aos fortes em prejuízo dos mais fracos.

Evidentemente as autoridades e empresários não podem pôr de lado o objetivo da continuada melhora, criando oportunidades para o progresso daqueles que se esforçam em movimento certo, sempre buscando o aprendizado e o aprimoramento pessoal. No entanto, a economia tem sido submetida a ciclos de alta, com expansão do dinheiro, e de baixa, para sanear a ressaca, ensejando vantagens para poucos e o aumento da desigualdade.

Para alcançar o progresso e a paz bastaria ter sido perseguida a meta de continuado crescimento natural, e da melhora da qualidade humana e das condições gerais de vida, dirigindo o capital nesse sentido. Por que isso tem sido tão difícil para as lideranças?

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, articulista, palestrante e escritor

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