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Quem vai ficar para apagar a luz?

Por Marco Asa (*) | 15/07/2015 09:23

A notícia de hoje é a coleção de carrinhos do ex-presidente Collor, apreendida pela Polícia Federal na Casa da Dinda. São mais de R$ 5 milhões em “brinquedinhos” do “caçador de marajás”. Mas, convenhamos, já não tenho nem mais opinião sobre a Operação Lava-Jato. Só quero saber quem vai apagar a luz na hora que tudo acabar. Sim, pois não vai sobrar nada. A corrupção não foi inventada pelo PT e não é exclusividade brasileira, vide a investigação na FIFA. Mas, por que os carrinhos do Collor são emblemáticos? Pois é uma mostra de como o patrimônio dos nossos políticos não é compatível com os seus vencimentos, salvo raras excessões.

Existem dois tipos de políticos:

1. Os políticos-ostentação – Aqueles que querem mostrar o fruto do “trabalho duro” comprando casas espetaculosas, carros top de linha e novas esposas com o que há de mais moderno em implantes de silicone. Eles estão “obrando e andando” para quem juntar dois mais dois e descobrir que, com salário de uns quatro dígitos, não se consegue juntar um patrimônio de milhões;

2. Os políticos sócios de todo mundo – São aqueles cujo patrimônio condiz com os vencimentos ao longo dos anos. No entanto, corre a lenda de que são donos (através de um verdadeiro laranjal) de concessionárias, construtoras, edifícios, escolas e por aí vai. Difícil é provar isso, mas aí já é com a PF.

Eu fico espantado com aqueles que se dizem “horrorizados” com a corrupção. Como assim? Sem hipocrisia, os 10% (que, últimamente, se transformaram em 30%) são uma instituição pública no Brasil. Tente vender algo para algum poder público (aí estamos falando de todas as esferas) sem passar pelas conversas de que “já é de cartas marcadas”. Isso estamos falando de produtos e serviços. Tente descobrir quem fornece comida para as escolas. Veja se não é uma empresa montada exclusivamente para licitações. Tente desenrolar o embróglio que são as licitações para a contratação de agências de publicidade. Tente entender a liberação de propaganda pública para os meios de comunicação. Aliás, muitos prefeitos, de má-fé, criaram boletins oficiais dos municípios para não ter que publicar editais nos veículos de comunicação, enfraquecendo-os.

Mas, vamos descer mais um pouco. Quantos síndicos deste Brasil (ou empresas que administram condomínios) já não receberam (ou pediram) “presentinhos” para fechar o orçamento com uma determinada casa de material de construção? Sim, porque quase ninguém vai às reuniões de condomínio para fiscalizar.

A corrupção no Brasil é uma herança, assim como o racismo. Há 200 anos, um átimo de tempo, éramos uma colônia de um reino falido (de Portugal) cujo monarca trocava títulos reais por benesses financeiras. Assim, donos de padaria viraram duques; donos de estribaria viraram condes e a lei da mais valia tomou conta. E o que dizer os cartórios que eram feudos, deixados de pai para filho? Manda quem pode e obedece quem tem juízo. Aí nasceu o país do jeitinho. E vai ser difícil de mudar. Mas, parece que ac coisa está mudando. Ou você imaginava ver os carros milionários de Collor sendo levados pela polícia? Eu não!

(*) Marco Antônio dos Santos Araújo (ou Marco ASA) é jornalista, publicitário e escritor. Contatos pelo e-mail portalautoasa@gmail.com.

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