ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 30º

Artigos

Segurança no trânsito: uma iniciativa de perspectiva social

Por Thiago Guerra (*) | 21/06/2011 06:03

Sabemos que a condição do trânsito em nosso País é caótica e que o número de mortos em acidente é assombroso. No entanto, cremos, também, que não existe nenhuma situação que não possa ser revertida, mesmo a mais babélica e problemática.

Cabe ao motorista, ao motociclista, ao pedestre, atitude, na direção de contribuir com a consciência de que as Leis de Trânsito foram criadas para garantir a segurança do cidadão e que, se as normas forem cumpridas, certamente teremos vias mais seguras, anseio de toda população.

Para que possamos alcançar esse nível de consciência, carecemos de programas permanentes e que tenham como foco a obrigação de se respeitar, incondicionalmente, as regras de trânsito.

Para que possamos garantir a segurança de todos é importante que exista o engajamento de toda a sociedade, até mesmo da iniciativa privada, embora sejam ainda poucas as empresas que efetivamente investem em projetos de educação e conscientização no trânsito, visando à responsabilidade social de cada pessoa.

A participação da iniciativa privada, de forma consistente e concreta, na criação de projetos adequados, no amparo das instituições e no fortalecimento do trabalho materializado e ininterrupto, ao lado do trabalho responsável do poder público, pode garantir uma assiduidade importante de programas, no sentido de resultar ações eficazes e coerentes, consonantes

com os nossos problemas urbanos.

Vale dizer que já temos em nosso País alguns trabalhos bem sucedidos realizados por Empresas Privadas, dignos de serem referenciados, onde algumas instituições desenvolvem trabalhos permanentes para a formação de crianças: conscientes da obrigação de acatar os preceitos ligados à segurança no trânsito.

É importante ressaltar que somente esses projetos estabilizados e ininterruptos, cujo alcance é estendido a cada ano, e que configuram ações que movimentam não só os aprendizes, como também toda a comunidade, é que incentivam as pessoas a se empenharem em ações em prol do bem estar social.

Em nosso Brasil, ainda temos a cultura da impunidade e/ou que acidentes de trânsito só acontecem com os outros. Em recente estudo, o Instituto de Segurança no Trânsito revelou que um em cada dois brasileiros sofrerá ferimentos decorrentes de acidente de trânsito, até completar 60 anos.

Não podemos continuar colecionando tragédias ocorridas por acidente de trânsito, até mesmo porque cada morte no trânsito custa aos cofres públicos cerca de cem mil reais, conforme levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, dinheiro nosso que poderia estar sendo aplicado no desenvolvimento do país, na saúde, na habitação, na segurança.

Diante das estatísticas mórbidas, hoje em dia sabemos que os motociclistas são as principais vítimas de acidentes de trânsito, porém também são infratores em potencial, já que são os que mais se arriscam no trânsito: cerca de 85% da infrações são cometidas pelos motociclistas. Além disso, no Brasil, temos 50 mil mortes anuais em acidentes de trânsito, configurando 4% das mortes que ocorrem no mundo. Em 70% delas, o condutor do veículo havia ingerido bebida alcoólica.

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo revelou que o trânsito brasileiro é muito mais perigoso do que o de países desenvolvidos. Em relação à Suécia, por exemplo, o índice de mortes por bilhão de quilômetros percorridos no Brasil é 12 vezes maior. O indicador considera não apenas o tamanho da frota e da população, mas também a distância média percorrida no país.

O resultado do estudo da USP confirma a relação entre desenvolvimento econômico e acidentes nas ruas e rodovias, ou seja, quanto maior o PIB per capita, menor o risco de morte no volante. Com isso, verificamos que a mortalidade no trânsito do Brasil tem sido reflexo não só da ausência de reforços financeiros em prevenção, mas também da falta de investimentos em educação, saúde e cultura.

Uma ação preventiva pode começar traçando alguns objetivos iniciais, como reconhecer os pontos positivos e os principais problemas relacionados ao trânsito da cidade, selecionar prioridades locais e definir o planejamento de ações, com vistas à prevenção de lesões e mortes no trânsito e à promoção da cultura de paz e segurança viária.

Cada município pode planejar e implementar ações que reduzam as mortes provocadas pelo trânsito, bem como estruturar mecanismos de monitoramento e avaliação das atividades e dos resultados alcançados. Para nortear o planejamento inicial das ações é importante pensar na associação entre direção e bebida alcoólica, e o excesso ou inadequação da velocidade. Além disso, cada cidade pode elencar outros fatores de risco, em consonância com a realidade local.

Enfim, essas questões que pontuamos nos levam a refletir que o tema Trânsito necessita de atenção e de ações urgentes permeadas pela conscientização de que só conseguiremos mudanças nas estatísticas, e na vida cotidiana, por meio das atitudes firmes e do comprometimento de todos.

(*) Thiago Guerra é advogado, especialista em Processo Penal.

Nos siga no Google Notícias