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Tecnologia e Inovação na agropecuária brasileira

por Renato Roscoe | 08/03/2013 14:06

Fala-se muito que o Brasil tem progredido pouco na área de ciência, tecnologia e inovação. Realmente o progresso é pequeno na maioria dos setores da economia. Não se tem a cultura de investimento em pesquisas nas indústrias. As empresas inovampouco e perdemos competitividade perante nossos concorrentes. Mas será que isso ocorre também com a locomotiv aeconômica brasileira? A agropecuária inova pouco no Brasil?

O Brasil do “Jeca Tatu” vai aos poucos ficando somente no imaginário dos nostálgicos. Os números da agropecuária invadem o noticiário constantemente. Recordes de produções! Um setor pujante desfila orgulhosamente na Marquês de Sapucaí! Cidades inteiras brotam nos sertões do Brasil Central com IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) europeus.

A agropecuária mantém positiva a balança comercial, os alimentos baratos e a segurança energética do país. Mantém-se como a principal responsável pela estabilidade da economia e a financiadora das políticas sociais.

Evidentemente há condições extremamente favoráveis para a produção, com abundância de água e luz. Mas de nada valeriam esses recursos se não houvesse um forte caráter inovador na agricultura brasileira. Foi o empreendedorismo do produtor brasileiro, apoiado pela rede de geração de tecnologias tropicais capitaneada pela Embrapa, que colocaram a agricultura de nosso país nos patamares que hoje experimentamos. Solos ácidos corrigidos, materiais genéticos adaptados e grande aparato tecnológico em máquinas, equipamentos e produtos tornaram áreas consideradas de baixo potencial em verdadeiros oásis de produção. Avançou-se na biotecnologia e incorporou-se tecnologias de gestão e de informação.

O sistema de plantio direto eliminou a erosão e abriu caminho para sistemas produtivos integrados, inovadores sistemas de agricultura de precisão racionalizam o uso dos recursos e o entendimento sobre os processos biológicos incorpora aos sistemas de produção estratégias de controle biológico de pragas, fixação biológica de nitrogênio, bioativadores fertilizantes organominerais, enfim, aumentos de produtividade, com sustentabilidade e qualidade nos alimentos produzidos e com números decrescentes de desmatamento.

O agricultor brasileiro é um inovador nato! Aprendeu que a incorporação constante de tecnologias ao seu negócio é uma questão de sobrevivência.

Nessa toada transformou sua fazenda em Empresa Rural. Em um ambiente altamente competitivo, sabe que somente inovando terá sucesso em remunerar seu capital imobilizado, com controle de custos e boa rentabilidade.
Mesmo com tantos avanços, ainda há muito espaço para evoluir. A adoção de tecnologias e a cultura da inovação não estão distribuídas uniformemente entre os produtores. Trazer essa discussão à tona e criar um canal de debate e troca de experiências constituem importantes estratégias para uma agropecuária cada vez mais inovadora, competitiva e sustentável!

Neste sentido, a Fundação MS inaugura este novo espaço de troca de informações e discussão dos avanços tecnológicos na agropecuária de nosso país. Sendo uma instituição privada, sem fins lucrativos e de utilidade pública, a Fundação MS foi constituída por produtores rurais, tendo a missão de trazer o conhecimento tecnológico para a realidade do produtor. Nessa coluna trataremos de assuntos com alta densidade tecnológica, mas sempre de forma prática e aplicada à realidade do meio rural brasileiro. Nossa expectativa é criar um elo com os produtores rurais e a comunidade em geral, discutindo os principais desafios e oportunidades para a constante evolução da agropecuária brasileira! Boa leitura!

Renato Roscoe é engenheiro agrônomo (UFV, 2005), mestre em ciência do solo (UFLA, 1997) e doutor em environmental sciences (Wageningen University And Research Centre, 2002). Atua como diretor executivo e pesquisador no setor de fertilidade do solo na Fundação MS.

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