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Teoria e prática

Por Luiz Gonzaga Bertelli (*) | 13/11/2013 08:25

A defasagem entre teoria e prática dos recém-formados em cursos de licenciatura – ou seja, aqueles aptos a dar aulas em escolas públicas e particulares – preocupa os especialistas ligados à educação. O próprio ministro da pasta, Aloízio Mercadante, em um encontro com cerca de mil secretários municipais, expôs sua opinião com clareza, após declarar que “não dá para formar um professor só lendo Jean Piaget”, um dos mais famosos pensadores da educação. A declaração mostra a realidade na formação dos professores brasileiros: a excessiva carga teórica em relação à atividade prática, o que, na avaliação de especialistas, é uma das razões para a baixa qualidade da educação no país.

Pesquisa desenvolvida pelas Fundações Victor Civita e Carlos Chagas, aponta que em cursos de licenciatura que formam professores de língua portuguesa e ciências, a carga horária da prática docente não passa dos 10%. A conclusão é que os professores chegam à sala de aula com conhecimentos da disciplina, mas não sabem ensinar. São especialistas em língua portuguesa e não professores. São matemáticos, cientistas, historiadores e não docentes das disciplinas.

A Finlândia, uns dos países nórdicos com melhores índices educacionais do planeta, resolveu o problema com um modelo de residência pedagógica. O treinamento do professor é realizado na sala de aula, após o aluno ter cumprido os créditos das aulas teóricas na universidade. É um modelo parecido com a residência médica. Os médicos, no caso, fazem um período de dois a três anos de treinamento prático nos hospitais, antes de receber o título de especialista.

A capacitação prática é uma das bandeiras que o CIEE – instituição filantrópica que atua em favor da inclusão de jovens no mercado de trabalho – levanta há quase 50 anos, por meio de programas de estágio e, mais recentemente, de aprendizagem. Hoje muitos estagiários de pedagogia, que atuam como segundo professor na sala de aula, emanam de parcerias do CIEE com administrações públicas. A experiência profissional faz com que o jovem conheça sua profissão na prática, aplique seus conhecimentos teóricos e aprenda os segredos da carreira com profissionais mais experientes.

(*) Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.

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