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Tolerância zero, para corrupto e corruptores

Por Ivo Campos (*) | 10/08/2011 10:20

Nas décadas de 1980 e 1990 a sociedade brasileira foi às ruas em grandes manifestações pedir a volta das eleições diretas e o impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Talvez esse fosse o momento oportuno do povo brasileiro, mais uma vez, se mobilizar para demonstrar sua indignação com relação à má utilização dos recursos públicos.

Já tivemos essa experiência em Dourados, quando centenas de trabalhadores e estudantes foram às ruas para arrancar o ex-prefeito e quase todos os vereadores suspeitos de envolvimento em corrupção na Prefeitura de Dourados e na Câmara de Vereadores. Há evidências que nesse curto espaço de tempo, em que o senhor Artuzi comandou a prefeitura, houve desvio de milhões de reais dos cofres públicos.

Com todos esses episódios ocorridos em Dourados, acreditamos que o povo douradense esteja mais atento, e que nas próximas eleições os cidadãos (ãs), principalmente a classe trabalhadora, deverão se preocupar em conhecer melhor em quem, ou em quais pessoas, vão depositar seu voto, tanto no executivo como no legislativo.

Chega de depositarmos o voto em aventureiros, espertalhões que desejam ocupar cargos públicos com intuito de levar vantagens. E olha que em Dourados está cheio desses indivíduos, esperando para colocar suas campanhas na rua. E as propostas? Que propostas! Apostam na ignorância, na desinformação, na troca de favores.

Faz-se necessária, portanto, uma profunda reflexão acerca das campanhas milionárias para a Câmara de Vereadores, em que geralmente se elegem as mesmas figurinhas carimbadas, transformando-se em verdadeiros profissionais da política.

Claro que nada acontece por acaso. Alguém, por interesse, investe pesado para que estas pessoas se tornem porta vozes dentro dos legislativos. Estes agentes políticos financiados ficarão responsáveis em fazer o tráfico de influência para “chefes” políticos, empresários poderosos, sejam urbanos ou rurais.

Dificilmente, em um município de 140 mil eleitores, onde, geralmente, cerca de 300 candidatos se colocam a disposição do eleitor, alguém consegue de 2.500 a 3.000 votos fazendo uma campanha franciscana para vereador. Apenas fazendo reuniões e visitando residências, gastando sola de sapato, é uma missão humanamente impossível.

Lamentavelmente, o lado corrupto de muitos cidadãos acaba alimentando a insaciável fome de poder dos espertalhões de plantão. Infelizmente a mendicância por míseros reais, pela doação de um botijão de gás, o pagamento de uma conta de água ou luz, a ajuda para a promoção de escola, ou mesmo a uma igreja, uma requisição de gasolina, a promessa de um empreguinho em um órgão público, são práticas corriqueiras das campanhas nojentas para se chegar ao poder, apenas pelo prazer de estar no poder, por status, ou para fazer jus à fortuna que lhe foi depositada. Na prática, não têm compromisso nenhum com seus eleitores, apenas com quem lhes financiou a campanha, pois estes, geralmente, esperam uma ação parlamentar “retornável”.

Segundo Editorial de O Progresso do dia 28 de julho de 2011, “O dinheiro que se perde com a corrupção nas três esferas do poder seria suficiente para garantir escola em período integral para 51 milhões de alunos do Ensino Fundamental e Médio; seria suficiente para elevar em 89% a quantidade de leitos para internação n Sistema Único de Saúde (SUS), que atualmente é de 367.397; poderia garantir, em um único ano, a construção de mais de 7 milhões de moradia populares, acabando com o déficit habitacional em todo o Brasil.

O dinheiro que se perde com a corrupção também elevaria em 103,8% a quantidade de domicílios atendidos com obras e saneamento básico, ou seja, 55 milhões de lares poderiam receber serviços de água tratada e coleta de esgoto, garantindo mais saúde à população brasileira.”

Os educadores, por exemplo, além de transmitir conhecimentos, tem como missão, a obrigação de alertar a comunidade sobre a importância do exercício pleno da cidadania. Acreditamos que trabalhar a questão da cidadania possa ser tarefa de todos os segmentos sociais, como os estudantes, lideranças religiosas, lideranças políticas, as ONGs, o movimento sindical, tanto de empregados quanto dos empregadores. Todos nós devemos alertar a população, no sentido de discutir e apontar caminhos que possam contribuir com a construção de uma sociedade justa e verdadeiramente democrática.

(*) Ivo Campos é professor da Rede Municipal de Educação de Dourados/MS.

campivo@hotmail.com

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