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Uma mulher singelo

Por Heitor Freire (*) | 18/11/2014 08:50

Chama-se de sinuelo, o animal manso que se utiliza para acalmar os xucros e melhor conduzi-los aonde se deseja. É este símbolo que utilizo para definir uma mulher que ao longo de sua vida se dedicou exatamente a isso: conduzir as pessoas para uma realização pessoal e para sua evolução.

Vera Tylde de Castro Pinto, campo-grandense de nascimento e bela-vistense de coração, é filha da professora Clotilde Gonçalves de Castro Pinto e do médico, militar, político e produtor rural, Ruben Alberto Abbott de Castro Pinto. Eu identifico na Vera Tylde um porte e um perfil aristocráticos que me levaram a outorgar-lhe o título de Condessa do Rio Apa.

A Vera Tylde, mercê de uma educação esmerada estudou no Colégio Bennett, no Rio de Janeiro, instituição educacional metodista de formação norte-americana, de 1950 a 1958.

Bacharelou-se e doutorou-se em Direito pela Universidade do Estado da Guanabara (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro), no período de 1959 a 1965.

A sua tese de doutorado é mais uma confirmação do título deste texto: “O adultério no Direito Brasileiro” onde defendia a exclusão do adultério como crime do Código Penal, por ser um resquício do Direito Canônico. E aqui se confirma o que afirmei acima: trinta anos depois no novo Código Penal, viu sua tese e argumentação aceitas, com a referida exclusão.
É de sua autoria o verbete – Pronúncia – publicado no volume 42, da Enciclopédia do Direito Brasileiro (1967).

Manteve no Rio de Janeiro até 1980, escritório voltado para assessoria jurídica de empresas, prestando consultoria e outros serviços a multinacionais, inovando criando uma rede nacional de advogados correspondentes. Em Mato Grosso do Sul, o escritório parceiro era o do advogado Pierre Adri.

Em 1980, desativou o seu escritório no Rio de Janeiro, viajando para os Estados Unidos, onde em Nova York se especializou em comércio exterior.

Voltou a residir em Campo Grande, em 1983, criando o Conselho Permanente da Mulher Executiva na Associação Comercial de Campo Grande.

Na década de 80 várias de suas iniciativas destacaram-se por sua dedicação, competência e visão estratégica do nosso estado. Assim, enumeramos algumas:

1 - Assessora da comissão executiva da 1ª a 4ª Semana Rio Internacional, um evento de comércio exterior patrocinado pelo governo federal, governo do estado do Rio de Janeiro e organizações empresariais;

2 - Nessa condição realizou uma semana de gastronomia sul-mato-grossense, sob o comando de Mílvia Nasser, da Lalai Doces, realizado no histórico e aristocrático Copacabana Pálace. Nessa oportunidade sob a coordenação da marchand Mara Dolzan, organizou uma exposição de 40 artistas plásticos de Mato Grosso do Sul, por 30 dias no mesmo local, em que foram expostos e comercializados seus trabalhos. Esse foi um projeto exitoso do Conselho da Mulher Executiva de MS;

3 - Quando da realização da primeira reunião da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, em Campo Grande, sendo o então presidente da Federação de MS, Lyrio Novais, foi a responsável pela coordenação e recepção das delegações quando propôs que a hospedagem fosse feita na Colônia de Férias da Associação Comercial de Campo Grande, causando um impacto favorável nos participantes e suas esposas, pelo inusitado local escolhido.

4 - Criou também aqui no estado, a Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Mulher, filiada ao Women’s World Banking, cujo nome fantasia era Banco da Mulher primeira instituição brasileira para concessão de microcrédito a mulheres de baixa renda. Vera Tylde foi fundadora e membro do Conselho Superior dessa instituição no Rio de Janeiro. Em Mato Grosso do Sul, foram duas agências: Campo Grande e Corumbá.

Na área da cultura, Vera Tylde tem também uma atuação significativa e importante. Foi autora do projeto de criação da Casa da Memória Arnaldo Estevão de Figueiredo (1995/1997).

O turismo foi um tema constante em seus artigos durante vários anos, na Revista Executivo Plus, da qual também foi editora. É titular de uma página na revista Destaque.

Vera Tylde promoveu também juntamente com o Sindicato de Empresas de Turismo de Mato Grosso do Sul (SINDETUR), o projeto Escola Aberta de Turismo, cujo trabalho final dos alunos motivou a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) a criar a primeira faculdade de turismo da cidade, isto em 1993.

Na área literária é autora dos livros: Turismo Rumo Oeste, editado pela ABRAJET, com duas edições esgotadas (1998/2004); Fábulas Sul-Mato-Grossenses (2011); As Amenas, Sim (2012), estes patrocinados pelo Fundo de Investimentos Culturais do Estado de Mato Grosso do Sul (FIC), com apoio editorial do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. Participou também, em parceria, nos livros Mato Grosso do Sul – Memória e Referência – com Iracema Sampaio (2008); Decolando daqui – História da Aviação Civil Sul-Mato-Grossense com Heitor Rodrigues Freire (2010), e também com o mesmo parceiro, Rádio- A Voz da História Sul-Mato-Grossense (2012).

É diretora executiva do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, desde 2005, onde também idealizou e realizou oito seminários de desenvolvimento institucional englobando os mais variados temas de interesse cultural e histórico. O último, o deste ano, teve como tema: A mulher na história sul-mato-grossense.

UFA!!! Por tudo isso, fica plenamente justificado o título que eu lhe outorguei: Uma Mulher Sinuelo.

(*) Heitor Freire é vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.

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