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Uma nova esperança para o agronegócio

Por Edivaldo Del Grande (*) | 22/12/2010 06:54

O ano de 2011 traz muita expectativa para o povo brasileiro. Depois de uma disputada eleição, pela primeira vez uma mulher assume a presidência. Fora essa novidade, Dilma Rousseff foi uma candidata claramente alinhada com os movimentos sociais, o que não significa necessariamente estar na ponta oposta ao setor produtivo. E se ainda não dá para prever como será sua administração, alguns movimentos já apontam por onde e como deverá caminhar o novo governo do Brasil.

A composição do ministério nos dá indícios importantes de como Dilma Rousseff pretende agir. Acompanhando com atenção suas escolhas, podemos dizer que a presidente vem dando mostras de que cumprirá aquilo que prometeu: um governo técnico, de pessoas competentes e preparadas, numa mostra de que, junto com as políticas sociais, estará o desenvolvimento, com mais infraestrutura e produção.

A permanência de Wagner Rossi no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento foi para nós, produtores rurais, uma boa notícia, que nos dá confiança de que as coisas podem, sim, finalmente melhorar.

Rossi assumiu a pasta em abril, quando Reinhold Stephanes se desincompatibilizou para concorrer à Câmara Federal pelo estado do Paraná. Desde então, mostrou-se uma pessoa equilibrada, sensível às necessidades do meio agropecuário. É um profissional competente que tem conhecimento técnico e lucidez para promover uma política de acordo com a realidade do agronegócio brasileiro. Foi sob sua batuta que vimos aprovado, em agosto, o Fundo de Catástrofe, uma reivindicação antiga.

Os primeiros anúncios de Rossi, depois da confirmação de sua permanência no Ministério, já dão mostras de seu conhecimento sobre o setor e de que importantes mudanças, há décadas necessárias, começarão a ser promovidas, com apoio da nova presidente.

São medidas que levam tempo, não acontecem de uma hora para outra, mas vale registrar que, pela primeira vez, ouviu-se falar em modernização do Ministério, reestruturação física, de pessoal. Medidas simples, mas que refletem o ânimo da equipe.

Já não era sem tempo. O agronegócio se desenvolveu em tamanho e em qualidade nos últimos anos, na contramão da nossa política agrícola que, se não estagnou, deu passos para trás, como no caso da polêmica ideia de introduzir um índice de produtividade atrelado à política de reforma agrária.

Hoje, o agronegócio brasileiro é um dos mais competitivos do mercado, dotado de alta tecnologia e produtividade invejada por países do primeiro mundo. Avanços e conquistas que são mérito da iniciativa privada e de homens empreendedores que assumiram a missão de gerar alimento e riqueza para nosso país e para o mundo.

Não fosse por eles, o Brasil hoje talvez não estivesse na confortável situação econômica em que se encontra. É o agronegócio o responsável por décadas de superávit da nossa balança comercial. Nesse ano que termina, as exportações de produtos agropecuários atingiram US$ 70,3 bilhões de janeiro a novembro e um superávit de US$ 58 bilhões; a expectativa é que um novo recorde seja batido, superando a marca alcançada em 2008, de US$ 71,8 bilhões.

O ministro acerta em cheio quando cita entre suas prioridades tornar mais eficiente a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) e o Seguro Rural, duas questões fundamentais para o setor, que arrasta dívidas históricas por conta da ausência de uma política justa. É urgente e necessário assegurar a renda considerando não apenas os desembolsos feitos para produzir, mas também a expectativa de ganho do produtor rural. Também presente em seu projeto para 2011 está a reformulação da política de financiamento, facilitando o acesso ao crédito. Essas medidas, aliadas ao Fundo de Catástrofe, podem resolver essa complicada equação.

E, por ser um profundo conhecedor do tema, Rossi apontou também para as dificuldades que o Brasil enfrenta no mercado externo. Comprometeu-se a enfrentar as barreiras e a tomar as medidas necessárias para abrir novos mercados na região do Oriente Médio. Afirmou intensificar esforços para derrubar as barreiras impostas aos produtos nacionais, especialmente junto aos grandes parceiros como China, Japão e Coreia. Enfim, vemos um ministro dividir com o produtor a responsabilidade pelo escoamento da produção. Como só um parceiro de verdade age, Rossi se propôs a realizar uma ampla campanha de esclarecimento sobre as condições produtivas no Brasil, envolvendo sanidade, qualidade e condições de preço, para com isso eliminar barreiras que freiam nossa participação no mercado externo.

Com relação ao Código Florestal que tramita no Congresso, mais uma vez o ministro dá mostra de equilíbrio. Responsável pelo Programa Agricultura de Baixo Carbono, que consiste em investimentos da ordem de R$ 2 bilhões em práticas sustentáveis no campo para reduzir a emissão de CO2, Rossi defende a proposta do relator Aldo Rebelo, que não abre possibilidade para aumento do desmatamento, mas garante a permanência de culturas consolidadas e o desenvolvimento da produção agrícola, uma riqueza nacional que não pode ser estagnada para atender a interesses internacionais.

Por essas razões e, sobretudo, por contar com o apoio da nova presidente é que, finalmente, o agronegócio brasileiro, hoje responsável por 26% do PIB e 42% das exportações, pode olhar para frente com esperança renovada. Iniciamos um novo ano confiando que bons ventos nos aguardam.

(*) Edivaldo Del Grande é presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp).

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