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Violência, não é liderança

Ruy Sant’Anna (*) | 29/07/2012 07:59

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”; essa frase de Euclides da Cunha, em “Os Sertões” é aplicável para o caminhoneiro brasileiro. Ele também, antes de tudo, é um forte. Veja a situação das pressões que tem de enfrentar a partir do diesel S5 que é mais caro do que o comum, e isso diante das dificuldades no preço do frete que obriga o caminhoneiro a jornadas forçadas de trabalho para tentar compensar o pouco que ganha.

Será que o governo e seus ministros não sabiam disso?

Ora, se alguém vai arrumar a casa não põe seus moradores na rua, mas arruma a moradia com seus habitantes dentro enquanto as coisas são ajeitadas.

Acontece que o governo na pressa e falta de sensibilidade não acertou o preço do frete e piorou a vida do caminhoneiro autônomo com a “chegada” do diesel S5. Isso junto da carta-frete, do jeito que está e parece que vai continuar, é pra pirar.

E a “lei do descanso”, que começa a ser exigida... Antes de ser de descanso está dando uma canseira na classe dos motoristas de transporte de cargas. Estes sabem por que estão ocupados com suas reivindicações.

As estradas quando razoáveis ou boas, na maioria, são de pista simples e sem acostamento. Então, onde parar para descanso, onde encontrar local para se distrair, preparar sua comida, satisfazer suas necessidades fisiológicas e onde terá o mínimo de segurança? E não duvidem se algum menos avisado no governo espantar-se com as colocações feitas atrás. Só falta perguntar: mas caminhoneiro precisa disso?

Precisa e isso é o mínimo indispensável para o respeito humano que merecem.

Para poder exigir honestamente a validade de suas determinações tem de dar condições mínimas aos que sustentam e fazem as riquezas circularem pelo País.

A “boa” ideia do governo federal pretende copiar o então presidente da República Washington Luis, autor do slogan “governar é abrir estradas”. Na época de Washington Luis, sim precisava ligar e desbravar o Brasil, como fez. Agora, não há como comparar os tempos. Os que realmente abrem estradas, em nossos dias são os governos estaduais. Estes com recursos diretos e escassos com alguma contrapartida federal fazem o possível para interligar seus estados com o País e seus habitantes.

Alguém do Planalto acredita, sinceramente, que algum governo estadual tem verba para estruturar as estradas para garantir a vida dos caminhoneiros? Não tem mesmo. Não precisa pesquisar, nem “criar uma comissão para estudo”.

De tudo dito acima resta uma observação e pedido à classe dos caminhoneiros autônomos ou não. O País acompanha o movimento de greve de vocês que acredito ser legítimo.

O pedido é para cada um e todos: deem a oportunidade de circulação às pessoas que não têm força para resolver seus problemas mas podem precisar de socorro médico, ou perder um emprego, etc.

Que a ordem e o respeito prevaleçam. Pelo menos aqui no Mato Grosso do Sul. É difícil manter a calma? É sim. Mas a violência ou o que se deixa levar pela violência, não é líder. É fraqueza que não deve embrutecer essa luta limpa da classe dos caminhoneiros de transportes de cargas.

Sobretudo que o governo central considere essas reais e legítimas necessidades dos caminhoneiros e garanta-lhes uma vida mais digna.

Assim confiante cumprimento aos caminhoneiros e governo, e lhes dou o meu bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna é advogado e jornalista.

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