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Vitória da democracia e derrota dos trabalhadores

Por Elvio Marcos Vargas (*) | 28/03/2012 07:50

Tivemos no decorrer do mês de Março em quase todo país eleições para escolha de representantes dos trabalhadores nos Conselhos de Administração das empresas do setor elétrico, tanto nas estatais como em algumas empresa privadas.

A lei que obriga as estatais como Eletrosul, Chesf, Eletronorte e outras a elegerem empregados para os seus Conselhos de Administração foi assinada nos últimos dias do governo Lula.

Na Enersul, apesar de ser uma empresa privada, pertencente ao Grupo Rede Energia que também detém o controle acionário da Cemat em MT, Celtins em TO, Celpa no PA e várias empresas no interior de São Paulo e Paraná, não foi diferente, as eleições aconteceram nos dias 22 e 23 de Março/12.

Mas afinal qual a função de um Conselheiro em uma empresa. O Conselho de Administração é o órgão que faz a intermediação entre os acionistas e a diretoria de uma empresa, orientando sobre os negócios da empresa, fiscalizando a gestão dos diretores e manifestando sobre os relatórios da administração e contas da diretoria.

A figura do Conselheiro na Enersul existe desde a privatização em 1998, o que não ocorria eram eleições. De dois em dois anos, na posse do novo Conselho a empresa sempre indicava o mesmo nome que fora eleito em 1998.

O sindicato que representa os trabalhadores da Enersul (Sinergia-MS) vinha travando nos últimos anos uma luta incansável para a realização das eleições e após várias negociações, conseguiu com que as eleições acontecessem.

Na visão dos sindicalistas, houve uma vitória quando da escolha de um representante dos trabalhadores num cargo estratégico e de suma importância para a categoria, mas ao mesmo tempo tiveram uma grande derrota e decepção que foi a interferência da empresa por determinação do Grupo Rede, de forma autoritária nas eleições.

A maioria dos trabalhadores foram pressionados a votarem no candidato indicado pela empresa. Principalmente os novatos se sentiram ameaçados e obrigados ao famoso “voto cabresto”.

Essa atitude da Direção da Enersul é totalmente incoerente e fere a democracia já que o cargo é para representante dos trabalhadores e não representante da empresa.

O Grupo Rede que é dono da Enersul passa por uma situação financeira caótica tendo uma de suas empresas, a Celpa do Pará entrado em recuperação judicial, em outras palavras, concordata, e com a possibilidade de intervenção do Governo Federal, ou seja, uma reestatização ou federalização.

Dia 28/03 haverá uma audiência pública em Brasília onde será discutido a situação da Celpa e das outras empresas que integram o Grupo Rede, inclusive a Enersul.

Os trabalhadores da Enersul estão preocupados do reflexo que isso pode trazer para Mato Grosso do Sul e essa preocupação não pode ser somente dos trabalhadores e do Sindicato da Enersul, mas também de toda sociedade sul mato grossense, afinal a Enersul é a maior empresa de nosso estado e tem a responsabilidade de fornecer com qualidade energia elétrica para a população.

(*) Elvio Marcos Vargas é presidente da Sinergia-MS (Sindicato dos Eletricitários de Mato Grosso do Sul).

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