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Você maltrata animais?

Por Wladimir Polízio Júnior* | 25/01/2012 07:05

Segundo a Polícia Militar de São Paulo, foram 5 mil os manifestantes que tomaram a Av. Paulista no último domingo, 22 de janeiro, para exigir uma legislação mais dura com relação aos que maltratam animais. De fato, embora a lei que estabeleça penas para maus tratos seja relativamente nova (é de 2008), praticamente até hoje ninguém foi encarcerado com base nela, graças aos inúmeros institutos legais que permitem a substituição da privação de liberdade por restrição de direitos.

Assim, é significativa a participação popular para que as sanções àqueles que maltratam animais sejam mais severas, ou melhor, que realmente funcionem para desestimular a violência; e se não evitá-la, que o infrator sinta efetivamente a gravidade de sua conduta. E não se diga que o número de participantes da marcha, denominada “Crueldade Nunca Mais”, seja pequeno, pois é a primeira vez que um ato desse tipo acontece na capital paulista e seu potencial de crescimento é induvidoso (para se ter uma idéia, a 15ª Parada Gay realizada em julho/11, na mesma Av. Paulista, juntou 4 milhões de pessoas; na sua 1ª edição, em 1997, foram 5 mil manifestantes).

A questão mais intrigante, e que merece detida reflexão, é o alcance da expressão “maltratar animais”. Em regra, as ilustrações que se têm dessa conduta são a rinha (briga de galos), as touradas e a “farra do boi” etc, pois são exemplos mais lembrados pelos que defendem, como eu, punições mais efetivas para os que forem “desumanos” com os animais. Infelizmente, não é tão fácil identificar maltrato sem hipocrisia, pois algumas situações se tornaram tão normais que beira ao absurdo visualizar a agressividade inserida numa conduta tão simples como, por exemplo, a de pescar, em que o peixe morre por asfixia; ou o preparo da lagosta, que deve ser colocada viva num recipiente com água fervente.

É um paradoxo, pois ao passo que entendo necessárias sanções mais gravosas, continuo a apreciar uma boa picanha, um bom peixe, sem pensar como foi sua morte. Nesse ponto, talvez os vegetarianos, como minha irmã, sejam os únicos capazes de empunhar sem hipocrisia a bandeira da defesa dos animais.

(*) Vladimir Polízio Júnior, 41 anos, é defensor público

(vladimirpolizio@gmail.com)

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