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Cidades

Adoção: Sonho do filho ideal deixa crianças sem lar

Redação | 04/06/2010 12:38

Restrições de cor, sexo e idade impõem uma realidade ilógica e cruel no cenário da adoção em Campo Grande. Enquanto 127 inscritos na lista para adotar uma criança esperam uma menina branca, com no máximo dois anos, 27 meninos e meninas com mais de oito anos esperam por uma família. A adoção é discutida no Enapa (Encontro Nacional de Apoio à Adoção), que acontece até amanhã no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, em Campo Grande.

Para quem foge à regra, aumentam as chances de conhecer as crianças "mais lindas do mundo", como o casal homoafetivo Elizângela da Silva Dorneles, de 30 anos, e Silvia Costa, de 32 anos.

Dispostas a adotar dois irmãos com até 4 anos, elas decidiram aumentar a família em maio, foram consideradas aptas para adotar uma criança em outubro e em fevereiro adotaram Maria Luiza, de 2 anos, e Victor, de 1 ano. O casal não se negou a adotar crianças negras.

A personal trainer Elizângela lembra da primeira vez que viu as crianças. "Fomos ao abrigo e, de cara, percebi que seriam os filhos do coração".

"São muitos inteligentes e espertos e estão na escolinha", conta a professora universitária Silvia, que traz no pescoço uma corrente com pingentes de um menino e uma menina.

Diante de uma platéia com mil pessoas, elas contaram que formam uma família normal. "Nos perguntam sobre a influência na orientação sexual das crianças, mas todos nós somos filhos de pais heterossexuais".

Juíza da Vara de Infância, da Juventude e do Idoso, Katy Braun do Prado, relata que uma estratégia é adoção internacional. "Quatro famílias italianas vão adotar oito crianças". As famílias vão vir a Campo Grande em julho e passar 30 dias convivendo com as crianças, que não conseguem um lar na Capital por ter mais de oito anos.

"Com muito esforço, as pessoas aqui aceitam uma criança até cinco anos". Segundo a magistrada, o maior temor dos candidatos a pais é não conseguir educar uma criança mais velha.

Outro fator é que a maioria das pessoas tenta a adoção por não poder ter filhos, portanto querem vivenciar todas as fases da vida da criança. A juíza explica que nem todas as crianças e adolescentes que estão em um abrigo podem ser adotados, pois é necessário que os pais biológicos percam o poder familiar.

"Isso ocorre em casos de violação grave aos direitos dos filhos, como negligência, maus tratos, abuso sexual, abandono. Tem gente que deixou dois filhos dentro de casa no Carnaval de 2008 e nunca mais voltou".

"Dá medo, muito medo"

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