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Cidades

Violência mata adolescente infrator, antes mesmo de julgamento

Aline Queiroz | 07/12/2010 11:15

Levantamento mostra 31,3% mais homicídios entre 0 e 19 anos.

Violência mata adolescente infrator, antes mesmo de julgamento

Pouca idade, vasta ficha criminal e o mesmo destino: a morte. Adolescentes infratores, muitas vezes, nem chegam a ser julgados e audiências são canceladas.

Fernando Murer Chaves, o "To", morreu aos 11 anos, depois de tiroteio ocorrido na Avenida das Bandeiras, Bairro Jóquei Clube, em Campo Grande, dia 27 de julho de 2008.

O garoto estava com dois amigos, de 16 e 17 anos, que também foram baleados e sobreviveram.

Fernando também chegou a ser socorrido e não resistiu ao ferimento. Na ocasião, a Polícia apontou que o crime estava ligado a um acerto de contas entre gangues rivais.

O menino acumulava antecedentes por tráfico, roubo, posse de arma e lesão corporal.

Com a morte dele, todos os processos aos quais respondia foram extintos.

É o mesmo caso do jovem Maximiliano Pereira Rios, o “Dentinho”, que morreu um mês depois de completar 18 anos, em 25 de maio deste ano. O crime aconteceu na Rua Bom Sucesso, Vila Marcos Roberto.

Juliana foi assassinada por outra adolescente, em julho deste ano, na Coronel Antonino.
Juliana foi assassinada por outra adolescente, em julho deste ano, na Coronel Antonino.

Enquanto adolescente, Dentinho deixou para trás uma ficha que ultrapassa vinte antecedentes. As passagens começaram com receptação, passam por roubo e furto até chegar à morte do jovem.

O mesmo fim teve Leonardo de Oliveira Rocha, 17 anos, que morreu dia 6 de junho de deste ano, três dias depois de ser atingido por um tiro na cabeça. O crime ocorreu na Avenida das Bandeiras, na Vila Nhanhá.

Desde a época do homicídio, a Polícia já apontava que o jovem era usuário de entorpecentes. Leonardo tinha passagens por tráfico e porte de drogas.

Ele tinha audiência marcada para novembro, porém, não foi feita porque o adolescente já estava morto.

O promotor de Justiça da Infância e Juventude, Sérgio Harfouche, afirma que não é possível apontar quantas audiências deixaram de ser feitas porque o infrator foi assassinado.

Ele já requisitou ao poder judiciário que seja criado um campo para discriminar quando o adolescente foi morto e, assim, ter um controle dos números.

Embora não exista estatística, o promotor garante que isso ocorre frequentemente.

“Adolescentes com registro infracional são mais propensos a ser mortos”, pontua o promotor.

O promotor, que é presidente do Conselho Estadual Antidrogas, ressalta ainda que o uso de entorpecentes, muitas vezes, é o pano de fundo para as guerras travadas entre os jovens.

Violência mata adolescente infrator, antes mesmo de julgamento

Marcas-Para a família dos adolescentes assassinados, fica a dor. O avô de Leonardo, de 74 anos, ainda sofre com a morte do neto. “Destruiu tudo”, disse o idoso em relação à família do adolescente. Sem condição de falar, ele ficou aos prantos.

Estudo feito pelo Instituto Zangari, com base em estatísticas do SUS (Sistema Único de Saúde), servem de alerta. Mato Grosso do Sul é o 7º Estado onde mais cresce a violência contra crianças e adolescentes.

O último levantamento feito de 1997 a 2007, aponta aumento de 31,3% na quantidade de homicídios contra vítimas de 0 a 19 anos.

Em 1997 foram 98 crimes e em 2007 129. Entre as capitais o aumento segue na mesma proporção.

O crescimento em Campo Grande foi de 30,1% e, desta maneira, a Capital ficou em 12º no ranking nacional. Em 1997 foram 42 assassinatos e em 2007 foram 57.

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