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Cidades

Aldeia está abandonada há 5 meses por falta de estrada

Redação | 22/04/2010 16:15

A aldeia Córrego do Ouro, na reserva Kadiwéu em Porto Murtinho, foi abandonada pelos indígenas em novembro do ano passado depois que as chuvas destruíram o único acesso à região. As águas destruíram a maior ponte do trecho, que tem seis metros de comprimento.

A aldeia fica a 15 quilômetros da rodovia MS 339 e a 55 quilômetros da cidade mais próxima, Bodoquena.

Após buscar auxílio das prefeituras de Porto Murtinho e de Bodoquena, os indígenas levaram o caso ao MPF (Ministério Público Federal) para realizar a intermediação do acordo com o governo do Estado.

De acordo com os indígenas, plantações de mandioca, milho, feijão e melancia se perderam, assim como a criação de animais, à exceção dos bovinos, que estão soltos no pasto.

Os índios ocupam, há cinco meses, casas alugadas em Bodoquena, sem qualquer ajuda ou verba oficial.

"Vivem com a renda incerta de trabalhos eventuais em fazendas, a 20 reais a diária. As mulheres vendem artesanato. "Dá para comprar uma verdurinha, arroz e feijão", diz a indígena Máxima Pedroso

As crianças que estudavam na escola de ensino fundamental da aldeia foram transferidas para Bodoquena.

"Na aldeia há um professor que ensina em português e kadiwéu. Já na cidade não tem educação com base linguística indígena. Sem a língua natal eles perdem a identidade como povo, cria-se uma condição de vulnerabilidade, que propicia a perda dos seus costumes e valores próprios e a incorporação pela sociedade não índia", explica Máxima.

Pelo menos 30 pessoas dividem uma única casa em Bodoquena. São seis cômodos sem qualquer estrutura. Não há energia elétrica, o teto não tem forro, no lugar das janelas há apenas um buraco na parede.

A comida é feita em fogão a lenha. Há poucas camas, a maioria dorme no chão, O banheiro fica do lado de fora da casa e não tem ligação de água. Um lençol substitui a porta. O MPF vai exigir, junto aos órgãos públicos, assistência aos indígenas.

Reparos - Na terça-feira, o procurador da República, Emerson Kalif Siqueira, verificou a situação da estrada, tomada por valas, mato e áreas alagadas.

A maior ponte do trecho, de seis metros de comprimento, foi levada pelas águas. Só é possível transitar a pé por ali, mesmo assim com dificuldade. Segundo os indígenas, a última manutenção na estrada foi feita há dois anos, pela prefeitura de Porto Murtinho.

Apesar da responsabilidade administrativa pela estrada ser da prefeitura de Porto Murtinho, o governo estadual se comprometeu com o MPF, a disponibilizar os recursos necessários para o conserto da estrada. Ainda não há prazo estimado para que o acesso à aldeia seja restabelecido.

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