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Cidades

Aos 110 anos, Capital muda rota de crescimento para sul

Redação | 26/08/2009 09:29

O bairro Centro-Oeste, em Campo Grande, registrou nos últimos anos crescimento populacional de 14,22%. Um recorde, diante da média registrada na Capital que foi de apenas 1,33%, segundo dados do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano).

Na saída para São Paulo, bairros e muita gente chegam dia-a-dia, assim como os problemas. No leste do Jardim Los Angeles e prolongamentos do Córrego Lageado, houve uma verdadeira 'explosão populacional' nos últimos anos, provocada, em grande parte, pela construção de conjuntos habitacionais na área, que abrigava fazendas. Hoje é um dos locais mais violentos da cidade.

No local são doze loteamentos: o Jardim Bálsamo, Campo Nobre, Canguru, Centro-Oeste, Macaúbas, Jardim das Meninas, Marajoara, Mário Covas, Paulo Coelho Machado, Loteamento Municipal Brandão, Núcleo Jardim das Macaúbas e Parque Novo Século, e abriga população total de 21.274 pessoas.

Quem vive nesses bairros aposta no 'desenvolvimento da região'. Isso porque a implantação de conjuntos habitacionais também garantiu a construção de escolas, como a municipal de tempo integral Professora Ana Lúcia de Oliveira Batista, além de benefícios para os moradores, como mais linhas de ônibus e asfaltamento de algumas vias.

Do outro lado - O pintor Cleber Alves Aloncio, de 39 anos, morava no Estrela Dalva, mas cruzou a cidade e foi para o Jardim Centro-Oeste quando se casou, há dois meses. "No começo eu não gostava muito da idéia, mas agora não quero mais sair daqui", diz.

Ele conta que já faz planos para comprar a casa alugada e pontua as melhoras na região. "Esse bairro aqui é um dos que mais cresce porque agora aqui tem de tudo, mercado, farmácia, posto de gasolina, tudo perto", destaca.

"De dez anos para cá esse bairro evoluiu muito", observa Cícera Alves Miranda, de 54 anos. Ela conta que quando se mudou para o local, há 19 anos, não havia quase ninguém nos arredores.

Com os empreendimentos da Prefeitura, vieram os novos vizinhos. Para ela, um dos atrativos da região foi o baixo valor dos imóveis e terrenos. "Aqui você encontra casinhas por R$ 12 mil", garante.

"Antes era horrível. Era só fazenda, mato e boi", lembra o morador Gilmar José Costa, de 43 anos. Gerente de um supermercado, Gilmar trabalha no bairro há 15 anos e conta que, mesmo com a abertura de outros cinco estabelecimentos comerciais na região, o número de clientes aumentou na última década.

Estratégia - Para o urbanista Gutemberg Weingartner, de 45 anos, com tese de doutorado sobre a evolução dos bairros de Campo Grande, uma das causas do investimento do Poder Público na região do bairro Centro-Oeste pode ser o baixo custo imobiliário na área, que conta com lotes largos.

Com esse diferencial, a promoção de infra-estrutura foi apenas uma forma de incentivar a ocupação da área. Outro fator apontado pelo urbanista para o adensamento da região foi o encarecimento do custo imobiliário em áreas próximas ao centro, que fez com que as pessoas de baixa renda vendessem seus imóveis, por não conseguir acompanhar o custo alto de vida que se instalou no centro.

Foi isso o que ocorreu em Campo Grande, na região do Taquarussul e da Vila Bandeirantes, por exemplo. Com o encarecimento da área, a população passou a ocupar a região do Anhanduizinho, onde fica o bairro Centro-Oeste, e do Bandeira, hoje a que registra a maior população da cidade.

"Eles preferiram moradia com melhor qualidade, a despeito da distância dos serviços urbanos consolidados", explica.

Desenvolvimento - Weingartner explica que o modelo de ocupação da cidade sofreu alterações nas últimas décadas. No início do século passado, aspectos climáticos eram considerados essenciais. Nesse sentido, a prioridade era para áreas localizadas na região norte e leste, com solos mais secos, onde batiam os ventos e brisas vindos do campo, sem a poluição da cidade.

Prova disso foi que, na urbanização inicial de Campo Grande, o cemitério e o matadouro, que poderiam trazer desconforto à população, ficaram na porção sul do centro adensado, área de saída da cidade.

"Hoje o planejamento urbano é mais complexo", diz o urbanista. Ele explica que o projeto envolve também as condições do terreno, e é regido pela Lei de Ocupação e Uso do Solo, que define as áreas mais adequadas para a construção dos vários tipos de moradia.

Números - Os dados do Planurb sobre o crescimento de Campo Grande são as informações oficiais mais atualizadas sobre o assunto. Elas se baseiam em levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2000 a 2007.

Separada por regiões urbanas da cidade, a pesquisa contém informações sobre a quantidade de pessoas que residem em casa área urbana, além da descrição por sexo, idade e população em idade ativa.

Estão disponíveis também informações sobre a proporção de cada região no total do município.

Neste ano, a prefeitura lançou o pólo industrial sul, ao lado das Moreninhas e próximo ao bairro Centro-Oeste, já com a intenção de que ele se utilize da mão-de-obra do entorno, uma estratégia de colocar o emprego perto da moradia.

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