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Cidades

Apesar de várias leis, portadores de deficiência sofrem para curtir a cidade

Bruno Chaves | 17/08/2013 19:31
Estado não é acessível, dizem cadeirantes (Foto: Marcos Ermínio)
Estado não é acessível, dizem cadeirantes (Foto: Marcos Ermínio)

Apesar de leis municipais, estaduais e federais que regulamentam a acessibilidade nos municípios para pessoas que possuem algum tipo de deficiência, Campo Grande ainda não está adequada para pessoas cadeirantes, com deficiência visual ou outro tipo de limitação.

O assunto foi discutido na Assembleia Legislativa do Estado, na sexta-feira (16), durante lançamento do livro “Ir e Vir – Acessibilidade: Compromisso de Cada Um”, do engenheiro civil e presidente do CREA/MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), Jary Castro.

Para o cadeirante David Marques, 33 anos, a cidade ainda esbarra no direito de locomoção do deficiente. Jovem, David gosta de sair com amigos para frequentar cinemas e barzinhos da cidade. No entanto, a diversão para ele se tornou mais complicada desde 1998, quando quebrou o pescoço no Rio Aquidauana e ficou paraplégico.

“Não encontro lugares adaptados”, revela. Ele lembra que leis não são cumpridas e estabelecimentos comerciais não fazem readequações necessárias para que o cadeirante possa frequentar lugares de lazer.

“Vou ao cinema e ficou com o pescoço doendo, pois o lugar reservado ao cadeirante fica em cima da tela”, se queixa. Ele ainda cita nomes de famosos bares da Avenida Afonso Pena que não oferecem estrutura adequada para pessoas com deficiência.

A questão da acessibilidade no direito à cultura é levantada pela presidente do Ismac (Instituto Sul-Mato-Grossense Para Cegos), Telma Nantes, que é deficiente visual. “Não só as ruas devem ser acessíveis. Temos que ter acessibilidade arquitetônica, nos teatros, escolas, empresas, em todos os prédios”, afirma.

De acordo com o presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Paulo Sérgio Moreno de Jesus, Mato Grosso do Sul está longe de ter acessibilidade. Para ele, é necessário pensar em inclusão.

“Se precisamos ingressar em escolas e em empregos, é uma grande luta, temos que esperar e esperar. Queremos que nossas legislações saiam do papel e virem políticas públicas”, afirma.

David se queixa da dificuldade em ter acesso ao lazer na cidade (Foto: Marcos Ermínio)
David se queixa da dificuldade em ter acesso ao lazer na cidade (Foto: Marcos Ermínio)

Paulo também acredita que a conscientização é fundamental para que a sociedade comesse a pensar no deficiente e na inclusão, já que “a pessoa com deficiência sofre um déficit muito grande” na cultura, educação, saúde, emprego e outros setores.

“A nossa situação é difícil. Tem que persistir muito”, revela o cadeirante Jonas dos Anjos de Souza, de 39 anos, que estava no Parque Tarsila do Amaral neste sábado (17) para participar de atividades recreativas realizadas pela prefeitura em comemoração ao aniversário da cidade.

“A cidade está longe de ser acessível. Um lugar como esse, por exemplo, não tem nenhuma rampa de acesso”, finaliza Jonas.

Estimativa no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que 23% da população brasileira sofre de alguma de deficiência.

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