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Cidades

Aplicativo vira "febre", mas é perigoso para quem deseja emagrecer

Flávia Lima | 01/09/2015 16:54
Uso de aplicativos é utilizado também em academias, porém com acompanhamento de professores. (Foto:Arquivo/Fernando Antunes)
Uso de aplicativos é utilizado também em academias, porém com acompanhamento de professores. (Foto:Arquivo/Fernando Antunes)
Mesmo quem  tem o hábito de treinar precisa pedir orientação a profissionais sobre os aplicativos. (Foto:Arquivo/Fernando Antunes)
Mesmo quem tem o hábito de treinar precisa pedir orientação a profissionais sobre os aplicativos. (Foto:Arquivo/Fernando Antunes)

Dados da pesquisa Vigitel 2014 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgada pelo Ministério da Saúde no primeiro semestre aponta que apenas 38% dos campo-grandenses praticam o tempo recomendado de atividade física pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que é de 150 minutos semanais, o que significa pelo menos meia hora de atividade física em cinco dias da semana.

O desinteresse pela prática esportiva reflete em outro dado que também vem preocupando médicos e profissionais da área de Educação Física e revela que 22% dos campo-grandenses são obesos, colocando Campo Grande no topo das capitais que apresentam o maior índice de adultos com obesidade do país. Na sequência aparecem Cuiabá e Belém, com 21%.

Em relação aos adultos com excesso de peso, Campo Grande aparece na sétima colocação, com 55% da população. Quem lidera este ranking é Manaus, com 56%. A pesquisa mostrou ainda que 20% dos adultos na Capital tiveram algum tipo de diagnóstico relacionado ao aumento de colesterol.

Frente a esse cenário, muitas pessoas tem corrido atrás do prejuízo, porém sem orientação de um profissional de Educação Física. Um desses atalhos que vem ganhando força entre os adeptos da malhação e principalmente entre o público que busca um corpo sarado sem precisar por a mão no bolso, são os aplicativos para celulares desenvolvidos para auxiliar na prática das atividades.

O problema, segundo o presidente do Conselho Regional de Educação Física de Mato Groso do Sul, Ubiratan Brito de Mello, é o uso indiscriminado desses aplicativos. "É como ir ao médico, fazer uma série de exames e depois tentar interpretar os resultados sem a presença do profissional", alerta.

Em uma busca rápida na Internet é possível encontrar centenas de dicas de sites e blogs, indicando uma infinidade de aplicativos, desenvolvidos para os mais diversos objetivos.

Entre os queridinhos está o Nike Training Club, que reúne mais de 100 treinos pré-determinados que ganharam fama nas academias, especialmente porque vários foram elaborados pela personal trainer da cantora Rihanna e outros por atletas, como a tenista Serena Willians. A ferramenta permite escolher rotinas de nível iniciante, intermediário e expert e entre treinos que variam de 15 a 45 minutos.

Já o Workout Trainer tem o propósito de ajudar seu usuário a tonificar músculos, emagrecer e acabar com a flacidez. Tudo sem a necessidade de aparelhos profissionais.

O personal trainer Bruno Elias, também integrante do Conselho Regional de Educação Física, ressalta que os aplicativos devem ser utilizados como apoio às atividades e nunca como um prescritor de exercícios. Ele revela que empresas ligadas ao esporte criam seus próprios aplicativos com o objetivo de tirar a pessoa da ociosidade, mas nunca incentivam o uso indiscriminado da ferramenta.

Segundo ele, a prática de um exercício sem acompanhamento de um profissional oferece graves riscos à saúde. Ele cita, como exemplo, o usuário que desconhece ter um problema de coluna, mas decide seguir, por contra própria, os treinos contidos em um aplicativo. "Essa pessoa pode sofrer uma lesão grave e depois fica complicado de resolver", alerta.

Outro ponto apontado pelo personal é que geralmente a pessoa leiga desconhece o efeito cumulativo e o tempo de descanso necessário entre um treino e outro, além de transformar a prática da atividade em uma competição, já que muitos aplicativos transformam os treinos em uma espécie de jogo.

"O aplicativo é útil para ajudar no monitoramento da atividade. Por isso é preciso usá-lo sob a orientação de um professor ou personal que já conheça o organismo da pessoa e saiba identificar qual o volume e os tipos de exercícios adequados a ela", destaca.

Campanha - Apesar de ser uma preocupação recente entre os profissionais da área de Educação Física, Bruno Elias diz que o mais importante é combater os profissionais sem qualificação que podem, inclusive, fazer uso dessas ferramentas e orientar o cliente de forma errada.

Para conscientizar a população sobre a importância de verificar a idoneidade do profissional, o Conselho Regional de Educação Física vai realizar, ainda neste semestre, uma campanha voltada a população, alertando sobre os riscos de praticar atividade física sob a responsabilidade de um profissional sem qualificação. 

O tema foi abordado durante palestra realizada semana passada, durante as atividades que anteciparam as comemorações do Dia do Profissional de Educação Física, festejado nesta segunda-feira. Durante a palestra, também foi abordada a questão da ociosidade do campo-grandense e o risco de exceder na prática de exercícios para recuperar o tempo perdido.

"Queremos tirar as pessoas da ociosidade, mas com a supervisão de um profissional formado. Este ano realizamos uma série de abordagens em academias e flagramos muitas pessoas se passando por professores, mas sem qualificação alguma. Vamos continuar com essas ações e para isso pedimos o apoio da população", afirma Ubiratan Brito de Mello.

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