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Cidades

Após tragédia no RS, procura por sistemas de segurança cresce 40%

Paula Vitorino | 01/02/2013 15:29
Engenheiro diz que tragédia serviu para alertar empresários. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Engenheiro diz que tragédia serviu para alertar empresários. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Desde o domingo passado, o assunto mais comum, em todo o País, é a segurança em locais de grande aglomeração, após a morte de 236 pessoas em boate no município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O medo de protagonizar uma nova tragédia fez os proprietários de estabelecimentos de Campo Grande procurarem se adequar aos sistemas de segurança exigidos.

Só em uma empresa especializada no serviço, a Consenge, o aumento na procura foi de 40% ao longo dessa semana. A julgar pelos dados dos bombeiros, a procura vai aumentar ainda mais: 80% dos estabelecimentos, conforme o órgão, funcionam sem alvará. 

“Trouxe um alerta para os empresários se conscientizarem sobre os sistemas de segurança e as consequências que negligenciar as medidas pode trazer, tanto em relação à vida, patrimônio e ações penais”, diz o engenheiro especializado em segurança contra incêndio, Mário César Borges.

Uma série de negligências é apontada como causa do incêndio na boate Kiss, sendo uma das principais o descumprimento das medidas de segurança pela boate. Se é que existe um lado bom, a tragédia serviu para escancarar o fato de que grande parte das casas noturnas do país está na mesma situação e impor a importância da regularização.

Borges afirma que se antes os itens de segurança eram menosprezados, agora, recebem atenção para cada detalhe.

“A primeira reação (dos empresários) era protelar as correções que indicávamos, mas agora percebemos a mudança: as orientações são atendidas prontamente. Um exemplo, é uma porta de saída irregular que verificamos e imediatamente o proprietário adequou”, diz.

Além de mobilizar empresários, órgãos encarregados de fiscalizar as normas de segurança também resolveram se empenhar para prevenir novos incidentes. Representantes de vários setores participam hoje de reunião para integrar a fiscalização e punição.

Investimento – Valioso para a vida de quem paga para se divertir em uma casa de festa, os itens de segurança variam de acordo com o tipo de atividade do local e capacidade. Por isso, cada estabelecimento precisa entregar ao Corpo de Bombeiros um projeto com o sistema de segurança, realizado por profissionais cadastrados, e depois fazer a instalação no prédio e solicitar vistoria para, enfim, ter o certificado de segurança para funcionamento.

O problema é que seguir as normas significa para muitos empresários um gasto “sem retorno”, que só tem o valor reconhecido após tragédias como a de Santa Maria.

“Esse evento fez os empresários enxergarem os sistemas de segurança e vistoria dos órgãos competentes de outra forma. O procedimento não é mais tido como um simples gasto. Eles perceberam a necessidade de estarem adequados a lei e as consequências de uma negligência”, avalia o engenheiro.

O custo com o projeto de segurança é partir de R$ 2 mil. Para a instalação dos itens, o investimento varia de R$ 3 mil (espaços com até 900 m² - que correspondem a maioria das casas de festa da Capital) e a partir de 20 mil (acima de 900m²). Para grandes empreendimentos, como shoppings e indústrias, o gasto chega a R$ 500 mil.

O engenheiro explica que grandes espaços precisam da instalação de sprinkler e sistema de espuma, que funcionam como um grande extintor para combater incêndios em estabelecimentos. Mas ele frisa que o cumprimento dos itens de segurança reflete na redução do valor das apólices de seguro dos empreendimentos.

A instalação e funcionamento dos itens é verificado em vistoria dos bombeiros, que deve ser feito a cada 1 ano – período de validade do alvará. “Depois da instalação, o gasto que o empresário vai ter é só com manutenção ou se fizer alguma alteração na estrutura do prédio”, explica.

O engenheiro também frisa que além das normas exigidas, o empresário pode instalar itens adicionais para garantir a segurança dos seus usuários. Mário César cita a iluminação de emergência de balizamento, a utilizada nos cinemas, como um dos itens adicionais que passou a incluir nos projetos após o incêndio no RS.

“Lá na boate a iluminação de emergência não acendeu porque não houve queda de energia. As pessoas ficaram sem orientação para a saída. A iluminação igual ao do cinema fica acesa o tempo todo e é uma garantia a mais de segurança”, justifica. A iluminação adicional representa gasto de 50% a mais do que a tradicional.

Veja abaixo o que é item obrigatório:

-Saída de emergência (o tamanho e a quantidade irão variar de acordo com a capacidade do local)

-Extintores e hidrantes

-Iluminação de segurança

-Sinalização indicando a rota de fuga

-Sistema de alarme

-Para locais que tenham materiais considerados combustíveis (madeira, tecido e outras), é exigida a aplicação de produto anti-chamas.

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