Assessora citada em caso da Agehab afastada pela Sejusp
Apontada como uma espécie de "agenciadora" de vítimas do golpe da Agehab (Agência Estadual de Habitação), Kátia Miranda já não é mais assessora de gabinete da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).
Ela é escrivã lotada na DGPC (Diretoria Geral da Polícia Civil), para onde voltou na segunda-feira passada, quando veio à tona o escândalo de venda de casas.
O afastamento ocorreu dois dias depois da prisão de Ademar Pereira Mariano, que confessou operar o esquema. A medida foi confirmada na Secretaria nesta sexta-feira, apesar de antes ter sido dito que nenhuma Kátia trabalhava na Sejusp.
Depois da prisão, Mariano já prestou depoimentos em três unidades de polícia diferentes e sempre apresenta versões divergentes, mas preserva o envolivmento de Kátia e do marido dela, um servidor da Agepen, segundo Ademar.
Na primeira delas, Mariano afirmou que a ex-assessora de gabinete e o marido encontravam pessoas para comprar as casas, que na verdade não existiam. Ele destacou que no primeiro momento a policial tinha interesse apenas em adquirir casas, mas passou a atuar no esquema.
Ademar teria conhecido por meio do irmão de Marlene Loubet, esposa de um primo do deputado federal Vander Loubet.
Kátia, o marido Adson Zerial e a mãe dela, também ganhavam com o esquema, garante o golpista. Ele relatou que certa vez, a servidora da Sejusp chegou a dizer que suas "costas quentes" garantiram, inclusive, guarida ao pistoleiro que matou o vereador ratinho, em Bela Vista.
Depois, ao falar com a corregedoria-geral da Polícia Civil, Ademar amenizou a denúncia contra o casal, dizendo que, como os dois trabalhavam no setor de segurança pública, ofereciam apenas facilidades ao golpista em troca das vantagens para comprar casas da Agehab.
Para evitar que a fraude fosse descoberta, eles repassavam informações privilegiadas sobre a investigação, diz Ademar.
Kátia foi ouvida pelo Campo Grande News na segunda-feira, ainda na Sejusp. Ela assegurou que é uma vítima das ações e garantiu que já havia denunciado o caso à delegada que era responsável pela investigação, Rosely Molina.
Delegada - Molina também é alvo das acusações de Mariano. Ele afirma que membros da quadrilha pagaram entre R$ 10 mil e R$ 50 mil para que a delegada não o prendesse.
A Polícia Civil chegou ao escritório de Mariano, na Avenida Tiradentes, onde apreendeu documentos. Depois da apreensão, nada mais foi divulgado acerca do caso.
Apesar de divergências nos 3 depoimentos dados, em nenhum deles ele poupa a delegada. Diz, inclusive, que após o pagamento de propina, ouviu entrevista da delegada onde ela dizia que não tinha elementos para prender ninguém, e que um advogado fez o comentário de que o que havia garantido isso era dinheiro, apesar de cheques apreendidos e depoimentos de dezenas de vítimas.
O procedimento foi tirado da delegada e agora está nas mãos da corregedora Célia Maria Bexerra da Silva. Tudo é mantido em sigilo e a divulgação concentrada na Sejusp, que se limita a dizer que somente ao fim do inquérito, com um relatório em mãos, o secretário Wantuir Jacini irá se pronunciar.
Paralelamente, outra investigação é feita pela PF (Polícia Federal) porque o golpista alega fazer parte de um complô político contra o senador Delcídio. O preso aponta o deputado federal Vander Loubet (PM/MS) como mentor do esquema.
O motivo, segundo Mariano, seria prejudicar o senador na convenção do PT de novembro. O deputado cobrou da PRF (Polícia Rodoviária Federal) o "vazamento" da gravação feita pela instituição para a imprensa.
Já a PRF, afirma que não forneceu gravações aos veículos de comunicação. A medida adotada pela Polícia foi afastar dos serviços operacionais do NOE (Núcleo de Operações Especiais) um dos policiais responsáveis pela prisão, Wolney Almeida, que atualmente está no setor administrativo.