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Cidades

Automedicação causa mais de 300 intoxicações por ano no Estado

Flávia Lima | 10/05/2015 08:45
Acadêmicos de Farmácia orientam sobre descarte correto de medicamentos. (Foto:Divulgação)
Acadêmicos de Farmácia orientam sobre descarte correto de medicamentos. (Foto:Divulgação)

Quem nunca tomou um remédio sem prescrição após uma dor de cabeça ou febre? Ou socorreu um colega de trabalho que reclamava de dor de estômago, oferecendo algum comprimido?

Impossível encontrar alguém que nunca tenha passado por essa situação. A prova de que a automedicação está presente no cotidiano da maioria das pessoas está ilustrada nas pesquisas que indicam que o Brasil é o campeão nesse tipo de prática, que em alguns casos, pode ser fatal.

Dados do Civitox-MS (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), em 2014, foram 378 casos de intoxicação por uso de medicamentos em Mato Grosso do Sul e o primeiro trimestre de 2015 já registrou aproximadamente 30% desse número, ou seja, 111 vítimas, segundo o órgão.

Muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato de alguns sintomas, a ingestão de remédios sem consultar um especialista pode acarretar consequências irreversíveis à saúde, já que geralmente quando o organismo manifesta alguma dor, é um alerta de que algo não anda bem e a automedicação pode acabr escondendo um problema grave.

É o que enfatiza a coordenadora de Farmácia da Anhanguera-Uniderp, Françoise Carmignag. Até a próxima semana ela coordena, na universidade, uma ação que visa conscientizar a população sobre os riscos da automedicação e incentivar o descarte de remédios guardados em casa.

Segundo a farmacêutica, são três os fatores que podem ocasionar prejuízos à saúde quando há a ingestão de medicamentos sem orientação. O primeiro é a questão do mascaramento de sintomas de doenças. “Quando você toma um comprimido para a dor de cabeça, vai sentir um alívio imediato, mas a dor pode ser o alerta de algo mais grave, que a pessoa acaba não valorizando e deixa de ir ao médico para realizar exames”, explica.

Um segundo ponto destacado por ela é quanto a interação medicamentosa, ou seja, quando a pessoa toma algum remédio diariamente, por exemplo, para controlar a pressão arterial, prescrito pelo médico e decide, por conta própria, ingerir outro medicamento para aliviar os sintomas de uma gripe ou algum tipo de dor. Com isso, segundo Françoise, pode haver uma potencialização do remédio tomado habitualmente ou até mesmo a anulação do efeito dele.

A última questão levantada pela farmacêutica, é quanto ao risco de uma intoxicação, que em muitos casos, ocasiona graves alergias, não dando tempo de socorrer a pessoa em lagumas situações. Foi o que aconteceu com a jornalista Cidiana Pellgrin. Ela conta que aos dez anos tomou uma dose exagerada de Anador para combater uma dor de cabeça e acabou passando mal, com crises de vômitos.

A própria mãe da jornalista havia sugerido o remédio, no entanto, “aconselhou” que tomasse apenas dez gotas. “Sofri uma intoxicação tão grande que passei anos sem poder sentir o cheiro do Anador”, afirma. Hoje, ela revela que ainda tem alguns hábitos relacionados a automedicação, como por exemplo, carregar na necessaire comprimidos para a dor de cabeça, mas garante que já eliminou os antialérgicos que sempre estavam presentes em sua bolsa. “Aproveitei a campanha da universidade e joguei várias cartelas fora”, destaca.

Françoise esclarece que atualmente o profissional farmacêutico tem autorização para prescrever alguns remédios, contanto que sejam aqueles que não exigem prescrição médica. “O consumidor pode pedir orientação ao profissional, mas existem os remédios que só podem ser vendidos mediante receita”, alerta.

Ela acredita que a automedicação é uma questão cultural e dificilmente será abolida sem ações conjuntas entre poder público, sociedade e profissionais da área de saúde. “Todo mundo tem uma farmacinha em casa porque já está acostumado a tomar alguns remédios, já indicados por médicos em outras ocasiões, mas é bom lembrar que nem sempre as doenças se repetem da mesma forma”, diz.

Entre os campeões de consumo indiscriminado da população estão o paracetamol, anti-inflamatórios e analgésicos. Uma das soluções que contribuiriam na solução do problema, segundo Françoise, seria a criação de uma legislação específica para o descarte de remédios.

Campanha – É justamente visando esclarecer e alertar a população, que a Uniderp-Anhanguera, através do curso de Farmácia, decidiu realizar a campanha do recolhimento de medicamentos, em alusão ao “Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos”, comemorado esta semana.

Segundo a coordenadora da ação, a meta é recolher 50 quilos de medicamentos, que serão incinerados após a campanha. A iniciativa deveria terminar na próxima sexta-feira, no entanto a professora conta que a aceitação da comunidade tem sido tão grande, que os acadêmicos decidiram prolongar as atividades, que acontecem das 7h30 às 22h, nos dois campi da universidade, que também contam com os postos de coleta de fármacos vencidos ou sem utilidade.

Durante a semana, nos períodos matutino e noturno, os acadêmicos também entregarão folhetos de conscientização sobre a importância de descarte correto de remédios e estarão disponíveis para sanar dúvidas sobre a iniciativa.

Quem perder o prazo da campanha, a professora lembra que as unidade de saúde do município e algumas redes de farmácia dispõem de coletores de medicamentos, onde a população pode fazer o descarte correto, sem agredir o meio-ambiente.

Na universidade, os postos de coleta estão localizados na unidade matriz, na Avenida Ceará 333 e no campus Agrárias, situado na Rua Alexandre Herculano, 1.400. Mais informações sobre a ação no telefone (67) 3309-6544.

População descarta remédios em posto de coleta na universidade. (Foto:Divulgação)
População descarta remédios em posto de coleta na universidade. (Foto:Divulgação)
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