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Cidades

Bonito é porto seguro para quem foge de grandes centros

Redação | 16/02/2010 11:25

Apesar de ser um dos principais pontos turísticos do País, que recebeu cerca de 150 mil pessoas no ano passado, o município de Bonito, com 18 mil habitantes e localizado a 257 quilômetros da Capital, ainda ostenta o espírito de uma cidade pacata, tranqüila e sem violência.

A cidade, que recebe visitantes de todo o mundo, se transformou em paixão de algumas pessoas, que viram a oportunidade de fugir da violência dos grandes centros urbanos e "reconstruir-se" com qualidade de vida.

Após 20 anos morando em São Paulo, o casal, formado pela paulista Josefina Camila, a Fabi, 52 anos, e pelo argentino Mário Ricardo Doblack, 53, teve paixão a primeira vista por Bonito em 1994.

Ele se encantou pela cidade ao ver duas reportagens numa emissora de televisão. "Só perguntei se tinha água cristalina", contou a mulher, que tem uma filha biológica, Kátia Cibele (piloto da Forca Aérea Americana e vive na Geórgia) e outros nove filhos adotivos.

Eles foram descobrir o endereço de Bonito no Guia da Revista Quatro Rodas, quando descobriram que existe outros três municípios com o mesmo nome no Brasil. Segundo Fabi, o casal pegou o carro e uma carretinha para transportar a primeira parte da mudança (um colchão, uma televisão, fogão e utensílios domésticos).

Chegaram, viram e o encantamento aumentou. Negociaram uma área por US$ 10 mil, deixaram a carretinha com as coisas na praça da cidade e voltaram a São Paulo para vender os pertences e arrumar o dinheiro para comprar a nova propriedade, onde construiriam a Pousada e Hotel Muito Bonito, com 14 apartamentos atualmente. Neste período, ninguém sequer abriu a carretinha para espiar os produtos.

Fluente em cinco idiomas (português, espanhol, francês, italiano e inglês), Doblack trocou a carreira de diretor da American Express em São Paulo por Bonito. "Não tem lugar mais lindo no mundo para se morar", comentou ele, que nasceu na Patagônia e morou em Córdoba, na Argentina. Antes de chegar a São Paulo, também morou no Alasca e Califórnia, nos Estados Unidos, e no Canadá. O casal ainda conhece 24 paises.

"A qualidade de vida é muito grande e tem muito para se fazer, para se conhecer e até para ganhar dinheiro em Bonito", comentou Fabi, que preside a Casa da Criança, uma instituição que acolhe crianças e adolescentes vitimas de violência.

Outro motivo para abandonar São Paulo, uma cidade que consideram ter tudo, foram os crimes. A filha adolescente na época, Kátia Cibele, tinha pânico de sair de casa por causa da violência. Ela ainda citou a poluição e a vida louca na capital paulista como grandes problemas.

Casa do João - O empresário João Roza Vizcaino, 55 anos, diz que o que ocorreu com Bonito, "foi atração fatal", que chegou ao município em 1996, após um colega de faculdade, o atual vice-governador do Estado, Murilo Zauiht (DEM), lhe propagar as maravilhas naturais do principal ponto turístico de Mato Grosso do Sul.

Após conhecer a cidade, ele vendeu o restaurante de frutos do mar em Mogi das Cruzes (SP) e mudou-se para Bonito há 13 anos, em janeiro de 1997. Natural de Santos (SP), ele montou um posto de gasolina, que tocou por um tempo até quebrar e enfrentar momentos difíceis.

Com a ajuda de amigos na cidade, Vizcaino começou a construir o restaurante Casa do João, que se tornou referencia na culinária local.

O prato da casa é a traira. Construído no quintal da sua residência, o local virou grife e já tem até fama internacional. Há poucos meses, turistas irlandeses chegaram ao local em busca da Casa do João, que tinha sido recomendado na Irlanda.

"Bonito é único, não tem violência, não tem crime", comentou o empresário, que mantém como sagrada a rotina de banhar-se diariamente, por duas horas, das 8h as 10h, nas águas do rio Formoso, no Balneário Municipal. "Converso com as piraputangas", conta, sobre os peixes mais famosos do local.

O restaurante tem estilo rústico e tratamento de cinco estrelas. João sempre cumprimenta e conversa com todos os clientes. "O porco só engorda com olho do dono", justificou-se, levando o ditado popular ao pé da letra.

Violência - A violência e a falta de liberdade para os três filhos brincarem levaram o empresário Paulo Xanauche, 46 anos, a trocar São Paulo por Bonito. Após ouvir um amigo, ele veio cinco vezes ao município na baixa temporada para analisar a perspectiva de mercado. "Vim com calma para planejar", contou.

Ele montou o Restaurante Sale & Pepe, especialista em comida japonesa, chinesa e pratos típicos. A especialidade e peixe na brasa sem espinho. Hoje, ele conta que tem muitos amigos na cidade e faz uma observação, a maioria dos comerciantes e donos de pousados são de outras regiões do Pais.

A cidade também se transformou em oportunidade de emprego durante a alta temporada para o baiano Aparecido Dourado de Brito, 26, que há um ano trocou Bom Jesus da Lapa (BA) por Campo Grande. "Achei legal, nada de violência", comentou.

Trabalhando como garçom, ele pode tirar renda de R$ 1,6 mil a R$ 1,7 mil durante o "boom" do turismo na cidade. E se considera feliz por estar no município, principalmente, porque acha que a violência está muito critica na Capital do Estado. E outro motivo para gostar de Bonito e a semelhança com a sua cidade Natal.

Quase Pioneiro - Dono de uma agência de turismo, Osterno Prado de Souza, o Taíca, 79 anos, chegou a Bonito em 1949, quando veio cuidar de uma propriedade do pai. Formado em Farmácia pela USP (Universidade de São Paulo), ele contou que não voltou mais para morar em São Paulo.

"Eu adoro Bonito, acho um dos locais mias atraentes para se viver", elogiou. Afirmou que a considera uma cidade pacata com maravilhas naturais inigualáveis no mundo. Na cidade, Taíca já foi cartorário e dono de sorveteria, danceteria e panificadora. Agora, além da propriedade rural, mantém a agencia Taíca Tour.

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