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Capital

“Deus me libertou”, afirma mulher livre de pesadelo após 22 anos

Edivaldo Bitencourt e Bruno Chaves | 19/12/2013 16:35
Mulher e filhos se abraçam com aposentado em encontro no Centro de Atendimento na Capital (Foto: Marcos Ermínio)
Mulher e filhos se abraçam com aposentado em encontro no Centro de Atendimento na Capital (Foto: Marcos Ermínio)

“Deus me libertou”, afirmou a dona de casa Cira da Silva, 44 anos, libertada do marido, após ser mantida em cárcere privado e sob agressões por 22 anos. “Era terrível, um pesadelo”, comentou sobre o convívio com o pedreiro Ângelo da Guarda Borges, 58, que a agredia com cabo de vassoura, pedaços de pau e socos. Ele também batia nos quatro filhos, de 15, 13, 7 e 5 anos.

Em um encontro emocionante com o pai, o aposentado Adão da Silva, após 15 anos, ela não continha o sorriso. “Sempre confiei em Deus. Deus me libertou. Daqui para frente só liberdade e alegria”, disse.

“Quero criar meus filhos voltar a ter uma boa vida, quero trabalho. Quero cuidar dos meus filhos, quer ser livre, livre, livre!”, afirmou Cira, logo após o encontro com o pai. Além de reconstruir a vida com os filhos, a mulher pretende realizar outro sonho, ir a uma igreja. Desde que se casou com o pedreiro, em 1991, ela não pisa em um templo.

Aposentado reencontra a filha após 15 anos e se emociona (Foto: Marcos Ermínio)
Aposentado reencontra a filha após 15 anos e se emociona (Foto: Marcos Ermínio)

Religiosa, ela contou que os nomes dos quatro filhos foram tirados da bíblia.

Em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, Cira contou como a era a vida de agressões, medo e terror sob o comando de Borges. “Eu ficava calada o tempo tudo, porque se resmungasse, ele me batia”, relatou.

“Era terrível, um pesadelo, não podia conversar, que ele batia”, contou, agora, só sorrisos. No entanto, ela também não rendia totalmente à brutalidade do homem. Contou que saia, de vez em quando, escondida para conversar com vizinhos.

“Quero uma nova vida, uma nova esperança”, comentou a dona de casa, que ficará no Centro de Atendimento à Mulher, onde ficam as vítimas de violência doméstica.

O filho mais velho, de 15 anos, é recatado e fala muito pouco. “Estou muito feliz”, contou, após a polícia libertá-lo junto com a mãe e os irmãos. Para o de 13 anos, a convivência com o pai era muito difícil. As crianças relataram que temiam o pedreiro porque o “pai era muito bravo”.

Aposentado fala com a filha e os netos em encontro emocionante (Foto: Marcos Ermínio)
Aposentado fala com a filha e os netos em encontro emocionante (Foto: Marcos Ermínio)
Filho caçula que teve o braço quebrado pelo pai em um ataque de fúria (Foto: Marcos Ermínio)
Filho caçula que teve o braço quebrado pelo pai em um ataque de fúria (Foto: Marcos Ermínio)

Reencontro – A família se emocionou no reencontro com o aposentado Adão da Silva, na tarde de hoje no Centro de Atendimento à Mulher. Ao ver os netos pela primeira vez, o aposentado, que tentou libertar a filha há 15 anos, foi às lágrimas.

“Meus netos são lindos. Estou muito feliz”, comentou o aposentado. Ele oficializou o convite para a filha e os netos mudarem-se para a sua residência. Cira e os meninos ficaram aos sorrisos ao verem o aposentado.

Segundo a coordenadora do centro, Aliza Carvalho, a dona de casa e os meninos vão receber apoio psicológico. “É uma história muito emocionante”, reforçou.

Ela disse que a mulher terá apoio para se qualificar e ser encaminhada ao mercado de trabalho. “Terá todo o apoio para tocar a vida dela”, contou Aliza.

Dona de casa e filhos se abraçam com aposentado na Capital (Foto: Marcos Ermínio)
Dona de casa e filhos se abraçam com aposentado na Capital (Foto: Marcos Ermínio)
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