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Capital

“Pessoas estão desamparadas”, diz irmã de mulher morta por assaltante

Renan Nucci | 17/11/2014 14:34
Aparecida lamenta a morte da irmã e pede que os responsáveis pelo crime sejam presos. (Foto: Renan Nucci)
Aparecida lamenta a morte da irmã e pede que os responsáveis pelo crime sejam presos. (Foto: Renan Nucci)
Familiares se uniram em manifesto durante velório na manhã de hoje (17), nas Moreninhas. (Foto: Renan Nucci)
Familiares se uniram em manifesto durante velório na manhã de hoje (17), nas Moreninhas. (Foto: Renan Nucci)

A comerciante Neide Batista dos Santos, 50 anos, foi mais uma vítima da violência. Ontem (16), ela morreu no CTI (Centro de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário, após ser baleada em um assalto na Vila Ipiranga, dia 27 de outubro. A irmã, Aparecida Batista dos Santos, 54 anos, reclama da impunidade, já que até o momento nenhum suspeito foi preso, e diz que as pessoas não estão mais seguras.

“Não há mais segurança, as pessoas estão desamparadas. Tem gente se matando por causa de R$ 10, o mundo precisa de mais paz, só não sei como vamos conseguir isso”, disse a mulher lamentando a perda. Aparecida afirmou que até o momento nenhum dos responsáveis foi preso.

“A polícia disse que está investigando, mas há muito tempo não temos informações sobre o caso. Assim, ficamos inseguros, imaginando que a qualquer momento seremos nós as próximas vítimas”, reclamou ela na manhã desta segunda-feira (17), durante velório em uma capela do Bairro Moreninhas II.

A vítima – Casada e com três filhas, sendo uma de 32 anos, outra de 23 e uma neta que cria como filha, de 11 anos, Neide administrava um restaurante na Rua Anhanguera, aos fundos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Ela e o marido Geraldo Salles, 48 anos, mantinham o comércio que estava rendendo bons frutos à família. No dia do crime, ela havia ido ao supermercado para fazer algumas compras. No retorno, foi abordada pelos bandidos e acabou baleada.

“Ela tinha trabalhado o dia inteiro e à noite foi fazer compras porque tinha que preparar um buffet. Quando estava chegando de volta ao restaurante, dois bandidos se aproximaram em uma moto. Ela estava no carro com a filha de 23 e a de 11, e também a neta de três anos. Meu cunhando vinha de moto logo atrás. Um dos homens desceu e anunciou o assalto. Ele primeiro atirou na menina, mas errou, e quando Neide gritou que não era para reagir, acabou levando um tiro”, relata Aparecida.

Após a ação os bandidos fugiram praticamente de mãos vazias, e os familiares prestaram auxílio à vítima até a chegada de uma equipe de socorro. A irmã conta que vizinhos alegaram terem visto a dupla na moto circulando na rua do restaurante momento antes.

“Já estavam vigiando. Esse crime estava planejado para ela”, afirmou. “Esses homens fugiram de moto e ninguém mais os viu. Esse mundo é assim, infelizmente quanto mais a gente trabalha, mais a gente sofre. Não dá pra viver em paz“, comentou.

Restaurante da família de Neide amanheceu com uma mensagem de luto. (Foto: Marcos Ermínio)
Restaurante da família de Neide amanheceu com uma mensagem de luto. (Foto: Marcos Ermínio)

Segundo Cleide Batista dos Santos, 48 anos, outra irmã, Neide era uma pessoa batalhadora. “Era uma mulher trabalhadora que foi arrancada de nós. Simplesmente a tiraram de nós, levaram ela das filhas, do marido, dos irmãos. É uma perda insuperável”, comenta a mulher, dizendo que a família era composta por oito irmãos, sendo dois homens e seis mulheres, no entanto, agora perdeu um membro. “A vida precisa ser mais valorizada”, lembra.

Durante os 21 dias que ficou internada, Neide teve vários momentos de consciência, mas pelo fato de estar entubada, ainda em estado grave, tinha dificuldades para falar e se comunicava apenas por gestos. A bala entrou pelo abdômen atingido os órgãos internos e provocando hemorragia. “Ela não falava, mas gesticulava e assim íamos conversando com ela. Sempre perguntávamos como estava se sentindo e dizíamos que estávamos esperançosos com a recuperação, até que ontem tivemos esta notícia triste”, diz Cleide.

Planos – Sem condições de manifestar à imprensa, Geraldo disse para Aparecida e Cleide que tem como objetivo levar adiante o sonho da mulher, que era ampliar os negócios e mudar o restaurante para uma região mais segura, pois o estabelecimento foi assaltado outras três vezes naquele local. Outro objetivo dele é aperfeiçoar o sistema de buffet. Desde que a esposa foi baleada, ele recebeu ajuda dos familiares para tocar o negócio.

“A gente ia se revezando para ajudar na cozinha. Agora que minha irmã se foi, ele terá que contratar uma pessoa. O local onde ele está é alugado e o contrato vence no final do ano. A expectativa é que ele se mude para poder ampliar o restaurante e melhorar ainda mais o atendimento, pois ele sabe que é isso que ela queria. Lá está perigoso, temos medo que os bandidos voltem”, disse Aparecida, lembrando que o novo endereço pode ser na região das Moreninhas, onde mora a família.

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